Buenos Aires. MNE envia reforço de emergência antes de visita de ministra

Portugueses e lusodescendentes na Argentina veem no envio de reforço emergencial para atendimento consular um paliativo provisório à falta de agendamentos e uma tentativa do MNE de amenizar manifestações durante a visita da ministra da Presidência a Buenos Aires.

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Lusa
09/06/2023 13:01 ‧ 09/06/2023 por Lusa

País

Argentina

 

Acreditaãmos que esse envio de reforço consular seja estratégico porque o problema da falta de agendamentos arrasta-se há anos e nunca ofereceram uma soluço. De repente, quando está por vir a ministra, aparece uma iniciativa por apenas dois meses. É óbvio que procuram acalmar os ânimos da comunidade”, afirmou à Lusa o lusodescendente Gabriel de Sousa.

Gabriel foi um dos coordenadores dos três protestos perante a Embaixada de Portugal na Argentina que, durante maio, expuseram o limitado atendimento consular que leva os utentes a lutarem por atendimento há mais de três anos.

“Esse reforço tem dois motivos: acalmar uma comunidade muito furiosa com a situação e esvaziar qualquer protesto durante a visita da ministra. Foi uma boa estratégia por parte da Embaixada de Portugal”, diz à Lusa a portuguesa Maria Teresa Morgado Carreira, autora de uma carta de protesto, remetida ao Consulado português em Buenos Aires, a ser entregue à ministra da Presidência Mariana Vieira da Silva, que, no sábado, reúne-se com representantes da comunidade portuguesa na Argentina.

“A falta de pessoal não permite atender a demanda (de agendamentos). A comunidade está muito revoltada e cansada devido à falta de atendimento e de respostas. As pessoas não se sentem representadas pelas autoridades. Não acreditamos que o problema será resolvido. Por isso, pedimos à ministra que nos ajude”, diz um trecho da carta assinada também por dois lusodescendentes numa representação simbólica de inúmeros casos pelo país.

Desde segunda-feira e pelos próximos dois meses a Embaixada de Portugal passou a contar com “um reforço extraordinário do quadro de pessoal da secção consular para aumentar a capacidade de agendamentos”, diz o anúncio da representação diplomática, publicado há uma semana no seu portal na Internet. Logo na primeira semana do sistema emergencial, os agendamentos esgotaram-se.

O reforço de uma pessoa é limitado a atendimentos relacionados com cartão do cidadão e com passaporte, ficando de fora outras tramitações como pedidos de nacionalidade e registos de casamentos.

Além disso, incorpora-se um novo procedimento para os agendamentos. Em vez de usar a página web administrada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, os utentes devem seguir um enlace da própria embaixada num reconhecimento tácito de que a web do MNE não funciona adequadamente, conforme a reclamação generalizada.

A embaixada pede ao MNE que o reforço passe a ser permanente e que seja de duas pessoas. O embaixador José Ludovice tem pedido à comunidade que concentre as suas reclamações na “falta de pessoal”. Por isso, em cada carta de protesto, os autores incluem o pedido de aumento do quadro de funcionários.

Esse será o argumento a ser usado pela conselheira das comunidades portuguesas, Maria Violante Mendes Martins, e pelo presidente do Conselho, David Guerreiro Mealha, na reunião que terão com a ministra Mariana Vieira da Silva no sábado para tratar do assunto, durante a celebração do Dia de Portugal no Clube Português de Buenos Aires.

O embaixador Ludovice convidou também os manifestantes que durante maio fizeram três protestos na porta da embaixada a exporem as suas reivindicações à ministra à margem da cerimónia no Clube Português. Um pequeno grupo decidiu aceitar o convite.

“Ficamos muito felizes com a possibilidade de conseguirmos agendamentos, mas sabemos que esta é uma solução apenas provisória por dois meses. Por isso, como nos indicou o embaixador, queremos expor a problemática à ministra e pedir que contratem mais funcionários. Não nos apresentaremos em forma de protesto porque começamos a ver uma conscientização do que temos padecido depois de mais de três anos de espera”, aponta Gabriel de Sousa.

 

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