'Ranking' de escolas. FNE diz que resultados "são mais do mesmo"
O secretário-geral da Federação Nacional da Educação (FNE) considerou hoje que os resultados das escolas públicas no 'ranking' são "mais do mesmo" e só poderão melhorar se o Ministério da Educação resolver problemas identificados.
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País Educação
"No 'ranking' das escolas, mais uma vez, mais um ano, não verificámos que haja qualquer tipo de novidade. Acaba por não ser notícia já o facto de as escolas privadas sistematicamente obterem melhores resultados que a escola pública. A análise é feita e os argumentos são sempre os mesmos", disse à Lusa Pedro Barreiros a propósito da divulgação do 'ranking' das melhores médias nos exames.
De acordo com o secretário-geral da FNE, tem de ser feita uma distinção entre escola pública e privada no que diz respeito à composição das turmas, dos níveis socioeconómicos, que tem acesso a formas compensatórias de aprendizagem.
"Isto tem impacto nos resultados escolares. Acredito que haja quem queria fazer nesta altura outro tipo de leituras e fazer associar a isto os efeitos da pandemia [de covid-19], da luta dos professores. Acredito que possa vir a ser utilizado quase como arma de arremesso", referiu.
Na opinião de Pedro Barreiros, o 'ranking' é composto sistematicamente pelas mesmas escolas, que vão alternando nos lugares.
"Oscilam. A que estava em primeiro passa para segundo, a que estava em segundo passa para primeiro. Não há alterações substanciais. Há que tentar perceber se os instrumentos que as escolas privadas têm lhes permitem ter melhores resultados que a escola pública. E aqui, sim, é preciso fazer uma avaliação e era importante que o Ministério da Educação enquanto responsável pelas escolas públicas dotasse as escolas e os seus trabalhadores das melhores condições para poderem obter os mesmos resultados e não é isso que temos vindo a verificar", frisou.
Para Pedro Barreiros, o sistema público só terá melhores condições se tiver os mesmos mecanismos que o privado já tem.
"Será que as escolas privadas estão a oferecer melhores condições de trabalho do que as escolas públicas? Será que estamos a assistir à possibilidade de uma debandada dos professores do público para o privado à semelhança do que acontece com enfermeiros e médicos? Será que estas revindicações dos professores não são justas e legitimas e não se sentem ainda mais magoados pelo facto de o Ministério da Educação não os ouvir?", questionou.
Segundo Pedro Barreiros, os 'rankings' são um instrumento, uma referência, e já não são novidade.
"Para o ano vamos estar a assistir a mais do mesmo, enquanto o Governo e o Ministério da Educação não quiserem atalhar caminho e encontrar solução para os problemas que estão identificados não vamos sair desta notícia que quase já não é notícia", disse.
Numa lista realizada pela Lusa que ordena 496 estabelecimentos de ensino por média obtida nos exames nacionais do secundário de 2022, os colégios privados voltam a destacar-se, sendo preciso descer até ao 39.º lugar para encontrar a primeira escola pública.
De acordo com os dados, uma em cada 10 escolas teve média negativa nos exames nacionais do secundário em 2022. Houve uma ligeira descida das notas médias no ensino público e subida no privado.
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