A ida de algumas horas a Fátima, regressando depois a Lisboa e participar na vigília, marcou o quarto dia da visita do Papa a Portugal, no âmbito da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que hoje se mudou para outra ponta da cidade, o chamado Parque Tejo.
No dia também em que as temperaturas subiram, com os jovens as queixarem-se das condições no campo de 100 hectares onde Francisco participou numa vigília com os peregrinos - um milhão e meio segundo a Santa Sé, que cita as autoridades locais - encher uma garrafa de água nalgumas zonas do recinto, a meio da tarde, demorava 20 minutos.
Francisco saiu de Lisboa, de helicóptero, na manhã de hoje (08:00) para uma visita de duas horas em Fátima. Fez ali uma viagem lenta de papamóvel entre o heliporto de Fátima, dedicada aos bebés, esteve depois na Capelinha das Aparições, ficou cinco minutos em silêncio em frente da imagem da Virgem de Fátima e ofereceu o Rosário de Ouro ao Santuário.
Na recitação do terço, acompanhada em Fátima por 200 mil pessoas, foram os jovens reclusos, os peregrinos da JMJ, e os jovens doentes e deficientes a mereceram destaque.
Cinco jovens reclusos da prisão-escola de Leiria acompanharam na Capelinha das Aparições a recitação do terço, integrando o grupo de 110 jovens, na sua maioria deficientes, alguns em cadeira de rodas, presentes na Capelinha das Aparições.
No final da cerimónia o bispo de Leiria-Fátima e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) evocou a guerra na Ucrânia, para sublinhar que o Santuário de Fátima se identifica profundamente com as preocupações de paz do Papa Francisco.
E o Papa Francisco salientou que "a Igreja não tem portas para que todos possam entrar" e reafirmou que é um espaço para todos.
"A Capelinha onde nos encontramos constitui uma bela imagem da Igreja, acolhedora, sem portas. A Igreja não tem portas para que todos possam entrar. E aqui, também, podemos insistir que todos podem entrar, porque esta é a casa da Mãe", disse Francisco, despedindo-se depois de Fátima com uma mensagem de inclusão, investindo quase todo o tempo da saudação aos peregrinos após a cerimónia na Capelinha das Aparições a pessoas com deficiência.
Depois de Fátima o Papa teve um encontro privado com membros da Companhia de Jesus, no Colégio de São João de Brito, e pouco depois das 20:30 chegou ao Parque Tejo para participar na vigília com os peregrinos.
Numa intervenção de 10 minutos disse que a alegria é missionária, é para os outros, e que a única situação em que é lícito olhar de cima para baixo para uma pessoa é para a ajudar a levantar-se.
Num balanço sobre sexta-feira a Proteção Civil e o INEM disseram ter assistido 848 pessoas e transportaram 63 para os hospitais.
Os números de hoje, quando as temperaturas subiram muito e se deu o "êxodo" dos jovens para um parque sem sombras, só serão conhecidos no domingo.
Mas de hoje ficam factos que não precisam de balanços, como os milhares peregrinos a encherem a linha vermelha do Metro, a "entupirem" o Parque das Nações e caminharam depois a pé para o Parque Tejo, ou outros milhares a caminharem pelo menos cinco quilómetros pela Segunda Circular, em hora de maior calor, ou a grande quantidade que afluiu ao hospital de campanha e aos postos móveis.
No Parque os jovens improvisaram zonas de sombra e todas as sombras, como as dos caixotes do lixo, foram disputadas. E encher uma garrafa de água era motivo de desespero nalgumas das zonas.
Na vigília voltou a improvisar, fazendo milhares mover-se atrás do carro no regresso à Nunciatura.
Francisco regressa no domingo ao Vaticano, após uma missa de encerramento da JMJ. Da visita fica mais uma notícia que marcou também o dia: o Grupo VITA (criado em abril pela Conferência Episcopal) registou um aumento de pedidos de ajuda por parte de vítimas de abusos sexuais após o Papa se ter encontrado com algumas vítimas, afirmou a psiquiatra Rute Agulhas, considerando que essa reunião está a "transmitir coragem".
E a dada pelo Presidente da República, de que irá à próxima JMJ onde quer que seja.
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