A filha do idoso de 93 anos que morreu no Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, depois de ter ficado cerca de seis horas à espera nos corredores daquela unidade hospitalar para ser transferido para o Hospital de Santa Maria, em Lisboa, revelou, na terça-feira, que vai avançar com o caso para tribunal.
“Vou agir, vou para a Justiça e vou com isto em frente, porque já não é o primeiro caso de pessoas que morrem à porta dos hospitais e dos centros de saúde, e o que aconteceu com o meu pai não quero que se volte a repetir com mais ninguém”, disse Ana Pereira, em declarações à SIC.
A mulher sublinhou ainda que o pai “esteve cinco horas numa maca à espera para ser transferido para Santa Maria”, sem qualquer tipo de assistência.
Recorde-se que o homem, residente num lar em Camarate, deu entrada no Hospital Beatriz Ângelo pelas 13h00, com uma fratura na perna, tendo sofrido uma paragem cardiorrespiratória pelas 18h00.
A denúncia foi feita pelos Bombeiros de Camarate que, dada a confusão que se fazia sentir naquela unidade hospitalar, se disponibilizaram para transportar o idoso até ao Hospital de Santa Maria. A sugestão foi, porém, recusada, uma vez que, de acordo com comandante da corporação, Luís Marques, “era uma empresa externa que fazia esse mesmo transporte”.
Depois de o Conselho de Administração do Hospital Beatriz Ângelo ter revelado que procederia à instauração de um "processo de inquérito, com caráter de urgência" à morte do nonagenário, também a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) decidiu "abrir um processo de esclarecimento, para avaliar a necessidade de desenvolver outro tipo de ação inspetiva".
Caso semelhante ocorreu em novembro passado
De notar que, entretanto, foi tornado público que uma situação semelhante ocorreu no mesmo hospital, em novembro, ainda que com um desfecho diferente.
Maria de Lurdes, de 82 anos, terá também ficado a aguardar assistência médica durante várias horas, depois de ter dado entrada na instituição de saúde com dores na perna esquerda, na sequência de uma queda durante a madrugada, contou o filho à SIC Notícias.
Ao fim de oito horas de espera, foi-lhe feita uma TAC ao peito e à cabeça, tendo a profissional de saúde responsável pelo caso ponderado dar alta à idosa naquela quinta-feira “com comprimidos para as dores”.
Acontece que Maria de Lurdes tinha, afinal, uma fratura no colo do fémur, e teria de ser operada num prazo máximo de dois dias. Ainda assim, foi-lhe dito que até à segunda-feira seguinte não seria alvo de qualquer tipo de intervenção médica, uma vez que não existiam médicos anestesistas disponíveis.
O Notícias ao Minuto contactou o Hospital Beatriz Ângelo para mais esclarecimentos.
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