O ministro da Educação, João Costa, voltou, esta segunda-feira, a apelar para que os sindicados pensem “nos alunos”, face aos anúncios de greve marcados para este arranque do ano letivo 2023/2024, que terá início entre os dias 12 e 15 de setembro.
“O que é fundamental neste momento é pensarmos que temos uma geração de alunos que teve dois anos de pandemia, que tem ainda muito a recuperar e, não havendo qualquer indisponibilidade por parte do Ministério da Educação para trabalhar com os representantes dos professores, se calhar é tempo de dizermos ‘vamos pensar nos alunos, pôr os alunos em primeiro lugar, e continuar a trabalhar sem pôr em causa a aprendizagem’”, apelou o governante, em declarações à CNN Portugal.
João Costa apontou ainda que o trabalho do Ministério da Educação neste âmbito continua a seguir a linha do ano passado, tendo salientado que o organismo “nunca se afastou de negociações” e “desencadeou processos negociais”.
“Espero que haja o bom senso de reconhecer que o trabalho tem vindo a ser feito, que houve muitas medidas desenvolvidas este ano que foram mais além, neste caso, até do que as próprias organizações sindicais pediam e que, de facto, pensemos nos alunos”, reiterou, lembrando ainda as “realidades novas nas escolas”, com o aumento “muito grande de alunos migrantes”.
E assegurou: “Vamos estar a trabalhar muito no apoio aos professores que fazem o ensino de português língua não materna, e a desenhar novos modelos de apoio para os alunos migrantes. Temos aprendizagens para recuperar; estamos a desenhar e vamos divulgar esta semana um conjunto de recursos educativos para apoio aos professores, em particular no português e matemática, e esse tem de ser o nosso foco.”
De notar que mais de 1,3 milhões de alunos voltam à escola esta semana, naquele que é um arranque marcado pela dificuldade em contratar docentes. Isto porque, em vésperas do regresso às aulas, e já depois de terem sido preenchidos 2.924 lugares na reserva de recrutamento concluída na sexta-feira, as escolas procuravam professores para ocupar cerca de 1.300 horários ainda vazios, sobretudo nas regiões do Algarve e Lisboa e Vale do Tejo.
Para já, arranca uma greve ao sobretrabalho, às horas extraordinárias e à componente não letiva, convocada pela plataforma de nove organizações sindicais, que inclui as federações nacionais dos Professores (Fenprof) e da Educação (FNE).
A paralisação não tem impacto nas aulas, mas logo no início da segunda semana de aulas, o Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (Stop) avança para uma greve de cinco dias. Menos de um mês depois, em 6 de outubro, há uma greve nacional convocada pela plataforma sindical.
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