Ano letivo "começa mal". "Um dos mais problemáticos dos últimos anos"

A Fenprof acusa o Ministério da Educação, e João Costa em particular, de desvalorizar o problema e de tentar disfarçar a falta de docentes, alertando para o elevado número de profissionais que se vão aposentar nos próximos anos.

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Hélio Carvalho
18/09/2023 12:08 ‧ 18/09/2023 por Hélio Carvalho

País

Professores

O ano escolar arrancou na semana e a falta de professores mantém-se como o principal problema, com a Federação Nacional dos Professores (Fenprof) a acusar o Governo de desvalorizar o tema e a avisar que a escassez só vai aumentar.

Numa conferência de imprensa, em que fez uma análise ao início do novo ano letivo, Mário Nogueira, o secretário-geral do principal sindicato de professores, afirmou que "o ano começa mal", algo que é reconhecido por "qualquer português que esteja atento, incluindo pelo ministro da Educação".

"Atento está ele, não quer é reconhecer a verdade e a realidade e vai procurando subterfúgios para tentar esconder o que nós todos devíamos perceber, porque compreender onde estão e quais são os problemas é o primeiro passo para os resolver. E quando não ser quer reconhecer os problemas, quando se tenta disfarçá-los, eles vão agravar-se e é isso que tem acontecido nos últimos anos", avisou Mário Nogueira.

Segundo o sindicalista, cerca de 92 mil alunos não têm um ou vários professores no arranque do ano, alertando que este é "um dos mais problemáticos dos últimos anos e o problema principal é realmente a falta de professores, e tenderá a agravar-se" com o aumento de aposentações.

A Fenprof aponta que, até ao dia 31 de dezembro, vão deixar de dar aulas mais 3.500 professores, e muitos outros "vão agora entrar em situação de atestado médico".

Nogueira apontou para o seu próprio agrupamento, em Coimbra, como um exemplo da crise que se irá intensificar devido à aposentação de milhares de profissionais. "Nem é dos que hoje tem mais falta de professores, falta um. Mas tem nove professores que se vão aposentar daqui para a frente, o que significa, eventualmente, que essa aposentação vai dar-se no momento em que já não há professores para colocar. Coisa que não aconteceria se, como até há três anos, o Ministério permitisse que aqueles que se aposentassem já não tivessem turma e, por isso, outro professor pudesse vir já ocupar aquele lugar", explicou.

A Fenprof acusou ainda João Costa e o Ministério da Educação de simplesmente atirarem as culpas para o passado, como se, denuncia o sindicato, o ministro não tivesse feito parte de negociações anteriores.

"O senhor ministro vem dizer que 'outros governos, para trás, desvalorizaram o problema'. Pois, ele está no terceiro Governo como membro da equipa do Ministério da Educação. E quando nós, Fenprof, estávamos na reunião com a anterior equipa ministerial, da qual este ministro fazia parte, dizia o anterior ministro [Tiago Brandão Rodrigues] que a falta de professores era um problema pontual, que sindicatos e alguns jornalistas gostavam muito de usar para criticar uma ideia falsa do que estava a acontecer. Nunca ouvimos João Costa negar esta afirmação", apontou ainda Mário Nogueira.

As declarações de Mário Nogueira surgem numa altura em que se inicia uma nova semana de greve de profissionais de saúde, convocada pelo Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (Stop), que pede a recuperação do tempo de serviço e critica a falta de assistentes técnicos e operacionais nas escolas, entre outros pontos.

Leia Também: Professores e trabalhadores das escolas iniciam hoje uma semana de greve

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