A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) vincou que os médicos não estão a pedir aumentos nem nada "superior ao necessário", exigindo uma resposta adequada do Governo antes de uma nova ronda de negociações e afirmando que os médicos "não querem continuar a viver na exaustão".
Aos jornalistas, antes de novas reuniões com o executivo, a presidente da FNAM, Joana Bordalo e Sá, reafirmou algumas das exigências dos médicos e garantiu que os sindicatos têm "abertura" para discutir as várias propostas, sendo que "o que temos de discutir e de negociar é como é que elas se implementam, que poderia ser num faseamento, mas é isso que temos a expectativa de discutir hoje".
"Nós não estamos a pedir um aumento superior àquilo que é necessário, estamos apenas a pedir uma atualização que pode ser faseada. A questão é: o Ministério da Saúde e o Governo têm de decidir se efetivamente querem ter os médicos no Serviço Nacional de Saúde [SNS] ou não. Porque se adivinha o mês de novembro [difícil], os médicos estão mais unidos do que nunca, tendo em conta a forma como fomos tratados nos últimos 18 meses e como foi decidido unilateralmente publicarem diplomas que não acolheram as nossas propostas e soluções", vincou a sindicalista, acrescentando que "os médicos estão a cumprir com a lei".
Sobre as dificuldades que o diretor-executivo do SNS, Fernando Araújo, previu para o mês de novembro, a dirigente da FNAM avisou que "tudo o que acontecer em novembro, se acontecer efetivamente alguma coisa, a responsabilidade é inteiramente desta política praticada pelo Ministério e pelo doutor Manuel Pizarro". "É uma coisa que não queremos ver, mas a responsabilidade é sua", reiterou.
Joana Bordalo e Sá também comentou as recentes declarações do diretor-executivo do SNS, que disse que os médicos devem "reclamar direitos, mas de uma forma que seja eticamente irrepreensível" - algo que foi rapidamente contestado pela Ordem dos Médicos, que apontou que o "grito de alerta dos médicos é uma questão ética absolutamente correta, no respeito pelo Código Deontológico".
Para a presidente da FNAM, a questão sobre quem não tem ética devia ser apontada ao Governo, e não aos profissionais de saúde.
"A pergunta é que fica é quem é que não tem ética. São os médicos por estarem a cumprir com o dever da lei, para poderem praticar o seu ato médico e ver os doentes em segurança? Quem não tem ética é quem nos está a pedir mais e mais trabalho? A equipa ministerial de Manuel Pizarro parece que ainda não percebeu que os médicos querem viver à custa de um salário justo, não querem continuar a viver na exaustão porque a medicina não é um sacerdócio", sublinhou.
Joana Bordalo e Sá acrescentou que os médicos vão manter os protestos até que as reivindicações dos profissionais sejam ouvidas, garantindo que a classe está "mais unida que nunca" e que a FNAM "não vai desistir".
Leia Também: Sindicatos médicos entregam hoje contraproposta negocial ao Ministério