'Manif' e uma alegada 'cunha': O fim de semana desafiante de Marcelo

O Presidente da República juntou-se a uma manifestação pró-Palestina em Belém, onde não foi bem recebido por causa de declarações anteriores sobre como os palestinianos "não deviam ter começado" a guerra. Ainda durante o fim de semana, foi alvo de acusações sobre uma alegada interferência no tratamento de duas gémeas luso-brasileiras.

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Márcia Guímaro Rodrigues
06/11/2023 08:55 ‧ 06/11/2023 por Márcia Guímaro Rodrigues

País

Presidente da República

Dois dias após ter afirmado que alguns palestinianos "não deviam ter começado" a guerra contra Israel, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, marcou presença numa manifestação pró-Palestina que se realizava em frente ao Palácio de Belém, em Lisboa. 

O chefe de Estado foi inclusive o primeiro a chegar à manifestação, onde esteve à espera dos cidadãos que protestariam contra as suas palavras.

Confrontado pelas críticas, Marcelo reiterou que "disse o que Portugal pensa e todos pensam", o que levou à exaltação dos ânimos. Em resposta, uma cidadã defendeu que as palavras do Presidente - que "esteve muito mal" - não a "representam". 

"O senhor devia ter vergonha. O senhor é o Presidente de todos os portugueses, não é comentador. Já foi comentador. O senhor fala de mais", acusou outro manifestante.

Entre as palavras de ordem ouviu-se "Marcelo aprende a história da Palestina", mas também "não queremos sorrisos, queremos ação imediata". 

Marcelo defendeu que "Portugal condenou o ato terrorista, mas é a favor da Palestina". Já em declarações aos jornalistas, o Presidente lembrou que o país tem tomado a "posição das Nações Unidas".

Em causa, recorde-se, estão declarações de Marcelo proferidas ao chefe da missão diplomática da Palestina em Portugal.

"Desta vez foi alguém do vosso lado que começou. Não deviam", considerou o chefe de Estado português, num diálogo com Nabil Abuznaid, em inglês, durante uma visita ao Bazar Diplomático, no Centro de Congressos de Lisboa, referindo-se ao ataque do grupo islâmico Hamas contra Israel, a 7 de outubro.

O caso da interferência do tratamento de gémeas luso-brasileiras

O fim de semana do Presidente da República ficou marcado por uma outra polémica que estalou na noite de sexta-feira, quando a TVI noticiou que o Hospital de Santa Maria, em Lisboa, vai abrir uma auditoria para perceber como é que duas gémeas que viviam no Brasil receberam em Lisboa em 2019 um tratamento que, no conjunto custou quatro milhões de euros, "havendo suspeitas de que isso tenha acontecido por influência" de Marcelo.

Segundo a reportagem, tratam-se de duas gémeas luso-brasileiras que vieram a Portugal em 2019 receber o medicamento Zolgensma, - um dos mais caros do mundo -, depois de terem sido diagnosticadas com atrofia muscular espinhal.

No dia seguinte, o chefe de Estado negou que tivesse intercedido junto do hospital ou de qualquer outra entidade. "Eu ontem disse que não tinha feito isso. Não fiz. Não falei ao primeiro-ministro, não falei à ministra [da Saúde], não falei ao secretário de Estado, não falei ao diretor-geral, não falei à presidente do hospital, nem ao conselho de administração nem aos médicos", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações aos jornalistas.

"Vendo a reportagem, ninguém aparece a dizer que eu falei com essa pessoa. Ninguém. Diz-se, consta, parece que sim, parece que, parece que havia família [do Presidente] que estava empenhada, por amizade, nisso. Mas ninguém em relação ao Presidente. E só há um Presidente. A família do Presidente não foi eleita, não é Presidente", salientou.

Em reação, o líder da Iniciativa Liberal (IL), Rui Rocha, considerou que "suspeitas de interferências políticas ao mais alto nível a impedir um correto uso dos recursos do SNS [Serviço Nacional de Saúde] constituem acusações gravíssimas que devem ser integralmente apuradas, incluindo a sua eventual dimensão criminal com o Ministério Público a assegurar todas as diligências pertinentes".

Leia Também: Marcelo "não foi feliz" em palavras a embaixador da Palestina

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