O antigo presidente da Comissão Europeia e antigo primeiro-ministro de Portugal, José Manuel Durão Barroso, foi o protagonista do programa 'Primeira Pessoa' desta quarta-feira, na RTP.
Numa entrevista guiada por Fátima Campos Ferreira, em Lisboa, recordou a infância e como a política moldou a sua vida desde cedo.
Recordando já os tempos da Faculdade de Direito, lembrou como 'arrebatou' a Associação Académica aos estudantes comunistas com o MRPP e a Federação dos Estudantes Marxistas-Leninistas.
"Parece que foi a primeira vez, depois do 25 de Abril, que numa dita organização de massas que se ganhou uma eleição ao Partido Comunista", gracejou. Esses tempos, lembra-os com saudade, como aqueles em que "pensamos que podemos marcar o mundo radicalmente".
Numa retrospetiva, recordou também a primeira vez que integrou um Governo - de Cavaco Silva -, com 29 anos, e os momentos altos que viveu: os Acordos de Bicesse e os de Timor-Leste.
Ele [Jorge Sampaio] depois não gostou foi muito do nome que veio depois como primeiro-ministro do PSD [Santana Lopes], e talvez se tenha arrependido
Aos 49 anos, em 2002, chegou à liderança do PSD. "O país tinha uma fragilidade estrutural como se veio a verificar depois", recordou, justificando a polémica frase que Portugal estava "de tanga".
Sobre a saída para a Europa, recordou que colocou duas condições a Jorge Sampaio: "A primeira é que teria de ver se, em Portugal, a minha saída não provocava uma crise política, se não havia eleições. A segunda foi que houvesse um consenso". Assim, afirmou, falou com Jorge Sampaio, que "foi o primeiro" a apoiar que fosse Presidente da Comissão Europeia. Contudo, quando o fez, ainda não sabia - nem um, nem outro, quem seria o substituto.
"Ele depois não gostou foi muito do nome que veio depois como primeiro-ministro do PSD [Santana Lopes], e talvez se tenha arrependido", disse.
Sobre a Europa e as amizades que fez, disse manter amizade com Angela Merkel, antiga chanceler da Alemanha. "Ainda mantenho contacto com ela, por telefone".
"Quando saiu, [Merkel] convidou-me para um jantar. Não vou dizer o que dissemos porque ao fim de duas garrafas de vinho francês excelente, a nossa sinceridade era total", recordou, entre sorrisos.
Durão Barroso falou ainda sobre a vida pessoal e recordou Margarida Sousa Uva, com quem esteve 41 anos - até ao último dia de doença dela. Destacou o papel da mãe na sua vida, mas também o da atual mulher, Joana Gonçalves.
"As mulheres, de facto, tiveram um papel essencial. Quando se tem a sorte de ter uma vida profissional realizada e se faz um balanço, chega-se à conclusão que o mais importante não é a política nem a economia, nem a profissão: é a família e os amigos", asseverou.
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