Santos Silva, "chocado" com Escária, fala em "erro de avaliação" de Costa
O presidente do Parlamento afirmou na quarta-feira à noite que ficou chocado com a descoberta de dinheiro em numerário no escritório do chefe de gabinete do primeiro-ministro, considerando tratar-se de uma quebra de confiança absoluta.
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Esta apreciação sobre os 75.800 euros encontrados no gabinete de Vítor Escária, durante as buscas judiciais realizadas na semana passada na residência oficial do primeiro-ministro, foi transmitida por Augusto Santos Silva em entrevista à RTP3.
"Primeiro não acreditei, mas depois ouvi o advogado [de Vítor Escária] a confirmar e fiquei absolutamente chocado. É uma quebra de confiança absoluta. É uma coisa inaceitável - e espero que o Ministério Público seja absolutamente impiedoso para a resposta à pergunta de onde veio aquele dinheiro", declarou o ex-ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros.
Para o presidente da Assembleia da República, tem de ser apurado se aquele dinheiro, que se encontrava guardado em envelopes e numa caixa de vinho, foi ou declarado ao fisco, entre outros aspetos.
"É daquelas coisas em que não há nenhuma parede que possa proteger as pessoas por estarem em lugares públicos", acentuou.
Interrogado se a escolha de Vítor Escária para chefe de gabinete do primeiro-ministro revela um problema de avaliação por parte de António Costa na escolham de colaboradores diretos, Augusto Santos Silva admitiu: "Pode ter havido um erro de avaliação".
"Todos nós cometemos erros de avaliação na escolha das pessoas. Eu já cometi", acrescentou, numa alusão ao seu longo percurso governativo.
STJ deve "esclarecer" situação de Costa "depressa" e antes das eleições
Na mesma entrevista à estação pública, o presidente da Assembleia da República considerou hoje que o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) tem de esclarecer depressa, antes das eleições, a situação penal do primeiro-ministro, frisando que o caso abriu uma crise política.
"É um caso muitíssimo grave e é muito importante que se esclareça o mais depressa possível. Creio que temos o direito de pedir ao STJ que seja lesto na realização do inquérito", declarou Augusto Santos Silva.
O responsável assinalou em seguida que este processo que envolve António Costa corre desde 17 de outubro passado, e até 10 de março, dia das eleições legislativas, "vão praticamente cinco meses".
"Cinco meses é um período de tempo que me parece mais do que suficiente para que o inquérito seja concluído e o conjunto dos portugueses saiba - da única fonte que deve saber, que é a justiça - o que realmente se passou e se há alguma responsabilidade penal do primeiro-ministro", sustentou.
Carneiro "dá melhores garantias" ao PS
"Eu apoio a candidatura de José Luís Carneiro", afirmou, referindo-se às vindouras eleições internas socialistas, saudando a "capacidade política" e o facto de "ser o que melhor representa o Partido Socialista (PS)", na sua opinião.
Santos Silva realçou, em entrevista à RTP, a "prudência" e a "empatia com as pessoas" de José Luís Carneiro como qualidades "essenciais para o país".
Finalmente, a terceira razão apresentada pelo presidente do Parlamento para apoiar o atual ministro da Administração Interna é que é quem "dá melhores garantias de preservar a autonomia política do PS", um partido "com identidade própria" que "faz as alianças que as circunstâncias e o interesse nacional exigem", mas "tem uma direção, um programa e princípios próprios". Um partido, aliás, e tal como fez questão de esclarecer, de moderação, europeísta e de defesa da Aliança Atlântica.
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