"Recebo, por isso, esta homenagem na casa onde me graduei em 1975, muito honrado por tão elevado galardão, justificado muito mais pela vossa generosidade do que pelos meus méritos", declarou o presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP), após expressar a sua gratidão ao Reitor, Professor Luís Ferreira, "e na sua pessoa a todos os Doutores e demais intervenientes que, nas várias instâncias da Universidade de Lisboa, entenderam justificado" conceder-lhe o doutoramento 'Honoris Causa'.
Numa cerimónia, presidida pelo Presidente da República, que concentrou individualidades do passado e presente do desporto nacional na Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa, em Oeiras, José Manuel Constantino descreveu o momento como sendo de "alegria", já depois de agradecer a Marcelo Rebelo de Sousa "o carinho" demonstrado.
"Uma alegria partilhada com todos os que acompanharam o meu percurso académico, profissional e desportivo, mas é também um ato carregado de enorme responsabilidade figurar na galeria de personalidades notáveis e nomes incontornáveis da nossa história a quem a Universidade de Lisboa atribuiu este grau, nomeadamente perante o Presidente da República do meu País, que saúdo e a quem penhoradamente agradeço a presença", disse.
Constantino confessou que a sua reação ao conhecer que receberia o doutoramento 'Honoris Causa' foi chorar de emoção, por, em primeiro lugar, poder receber o título da escola onde se formou e fez "as maiores tropelias". "Da escola que tem mais razões de queixa a meu respeito do que eu dela", brincou.
"A segunda foi ter condições de a receber, ainda cá estar", pontuou, em referência aos problemas de saúde que tem enfrentado.
No seu discurso, o mais alto dirigente do desporto português não esqueceu os problemas da situação desportiva nacional, "particularmente vulneráveis a um conjunto de ameaças que, de há longa data, enfermam o seu processo de desenvolvimento", notando que "o progresso, em diversos fatores de desenvolvimento, não se reflete no crescimento sustentado dos indicadores desportivos de referência", o que deve ser "motivo de preocupação e reflexão".
Para José Manuel Constantino, o desporto enfrenta "um futuro com elevado grau de complexidade", no qual pontificam desafios como a demografia ou "o défice de dados, informação e investigação atualizada".
"Os problemas de literacia motora e desportiva, expressos na situação desportiva nacional, expõem a necessidade de construir uma matriz conceptual para o desporto, em Portugal. O desporto entendido como um bem público, cujos enormes benefícios se estendem bem para além do indivíduo que pratica [...]. Também, por isso, serei devedor de um tributo e passo agora a ter uma enorme responsabilidade: o de estar à altura de saber honrar esta distinção", concluiu.
Presidente do COP desde 2013, Constantino, que nasceu em 21 de maio de 1950, em Santarém, e licenciou-se em Educação Física no Instituto Superior de Educação Física, tem um longo percurso ligado ao desporto, mas também à administração pública.
Entre os cargos exercidos, destacam-se a presidência da Confederação do Desporto de Portugal, entre 2000 e 2002, a presidência do Instituto do Desporto de Portugal, entre 2002 e 2005, e, por inerência, a presidência do Conselho Nacional Antidopagem e a presidência do Conselho Nacional Contra a Violência no Desporto.
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