"É natural que muita gente do Hamas trabalhe para as Nações Unidas"

O antigo diplomata Francisco Seixas da Costa explicou por que razão as alegadas ligações entre funcionários das Nações Unidas, relatadas por reféns, e o Hamas acontecem. Em causa está o domínio político do grupo islamita na região.

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© Diana Quintela /Global Imagens

Notícias ao Minuto
01/12/2023 11:03 ‧ 01/12/2023 por Notícias ao Minuto

País

Israel/Palestina

O investigador Francisco Seixas da Costa comentou, na quinta-feira, os relatos de que há membros das Nações Unidas com ligações ao Hamas, situação que foi denunciada por parte de reféns.

"Vale a pena pensar que Gaza só tem pessoas da Palestina. Não há outras comunidades estrangeiras em Gaza para além dos funcionários internacionais das Nações Unidas - que são ínfimos relativamente ao conjunto de recrutados locais que as Nações Unidas têm", começou por dizer no seu espaço de comentário na CNN Portugal.

Sublinhando que percebe "o choque" que esta realidade possa transmitir e que é muito claro que esta revelação dá a imagem de falta de neutralidade por parte da organização, o consultor estratégico notou que há que perceber que a situação em questão denuncia um funcionário entre centenas ou milhares.

"Tenho quase a certeza que muitos funcionários que estavam recrutados pelas Nações Unidas - e não só este - são do Hamas ou têm uma simpatia pelo Hamas", atirou.

Questionado sobre se ligações semelhantes podem acontecer em hospitais, como Israel tem apontado, o comentador explicou: "É absolutamente normal num espaço onde não há outras nacionalidades, onde todos são palestinianos, onde quem domina politicamente aquela área é o Hamas. É natural que muita gente do Hamas trabalhe para as Nações Unidas. E não há maneira de fazer uma triagem".

O investigador notou, no entanto, que a "grande questão" em cima da mesa é "saber se a agências das Nações Unidas que ali estão têm um comportamento por virtude desse tipo de recrutamento, que pode configurar uma menor neutralidade".

Leia Também: Portugal pede que Israel autorize mais pontos de entrada de ajuda em Gaza

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