O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), Jens Stoltenberg, esclareceu, esta terça-feira, que Aliança Atlântica não tem "planos" para enviar tropas para a Ucrânia.
"Os aliados da NATO estão a prestar um apoio sem precedentes à Ucrânia. Temos feito isso desde 2014 e intensificámos o apoio após a invasão em grande escala. Mas não há planos para a presença de tropas de combate da NATO no terreno na Ucrânia", esclareceu Stoltenberg em declarações à Associated Press.
Recorde-se que, na segunda-feira, o presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou que não pode ser descartada a possibilidade de envio de tropas para a Ucrânia, um passo extremo que a NATO sublinhou em diversas ocasiões nem sequer ser discutido como uma hipótese.
Em reação, o principal conselheiro da presidência ucraniana, Mikhailo Podolyak, elogiou hoje qualquer proposta para "aumentar, expandir ou alterar" a forma como a Ucrânia é ajudada.
No entanto, vários países da NATO, incluindo Portugal, voltaram a descartar a presença das suas tropas no terreno e atribuíram as palavras de Macron ao seu desejo de ajudar a Ucrânia, concordando, por outro lado, na necessidade de continuar a enviar armas e munições.
Uma das recusas mais contundentes partiu do chanceler alemão, Olaf Scholz, que garantiu que "nenhum soldado" será enviado para a Ucrânia por países europeus ou da NATO.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, advertiu hoje que o envio de tropas para a Ucrânia "não seria do interesse do Ocidente", referindo que a simples menção desta possibilidade constitui "um novo elemento muito importante" no conflito. Além disso, avisou que seria "inevitável" um conflito militar direto entre a Rússia e a NATO caso tal acontecesse.
Após as declarações de Emmanuel Macron, a diplomacia francesa voltou hoje ao assunto, alegando que a presença de tropas ocidentais na Ucrânia não ultrapassaria "o limiar da beligerância".
Perante a agressividade da Rússia, o Ocidente deve "considerar novas ações de apoio à Ucrânia", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Stéphane Séjourné, referindo-se à desminagem, operações cibernéticas ou a produção de armas em território ucraniano.
"Algumas destas ações podem requerer uma presença em território ucraniano sem ultrapassar o limiar da beligerância", afirmou Séjourné, citado pela agência francesa AFP.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
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