Guardas prisionais dão "10 dias" a novo Governo ou param "como nunca"

Os guardas prisionais não compreendem como é que há espaço para promoções para 1.850 militares da Guarda Nacional Republicana (GNR) enquanto continuam sem resposta.

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Marta Amorim
18/03/2024 16:33 ‧ 18/03/2024 por Marta Amorim

País

Forças de segurança

Os guardas prisionais ameaçam parar totalmente as prisões portuguesas com uma nova greve se o novo Governo não os chamar para "resolver os problemas" após tomar posse. A força dá um prazo de 10 dias, depois avançam para uma "greve nunca antes vista". 

Esta posição foi transmitida ao Notícias ao Minuto por Frederico Morais, dirigente do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional (SNCGP), que frisa que a revolta aumentou após a promoção de 1.850 militares da Guarda Nacional Republicana (GNR). Estas promoções, alerta, são "merecidas e insuficientes", mas os guardas prisionais têm igual urgência. 

"Não compreendemos como é que o mesmo Governo que não nos consegue promover a nós porque está em gestão promove os nossos colegas da GNR", atira o dirigente. 

"Estamos à espera que tome posse o novo Governo e damos uma semana, no máximo 10 dias, para se sentarem à mesa connosco. Se não nos chamarem para resolver os problemas, iremos parar o sistema prisional como nunca foi parado", assegura. 

"Reivindicamos melhores condições salariais. Ganhamos cerca de 100 euros mais do que o ordenado mínimo, não há atratividade na carreira e candidatos para ela", alerta ainda, lamentando a falta de resposta do Governo às reivindicações destes profissionais.

Uma paragem total "como nunca se viu", refere ainda, teria consequências gravíssimas para o país e para os reclusos. 

"Parámos a greve ao dia 9 porque somos pessoas conscientes mas aquilo que noto é uma vontade dos colegas de desobedecer. Há vontade de desobedecer, como diria o saudoso capitão de Abril Salgueiro Maia. O que vemos nos grupos e nas redes sociais é uma revolta muito grande. O Corpo da Guarda Prisional está a chegar a esse ponto", revela. 

Há 3.885 guardas prisionais em Portugal atualmente, refere o sindicalista, frisando que seriam necessários quase 5 mil. Em adição, mais de 50% dos estabelecimentos prisionais têm, em período noturno, menos de 3 guardas. 

Sobre as conversações com o Governo (ainda em funções), Frederico Morais acusa o Executivo de mentir. "O senhor secretário de Estado chamou-nos a 29 de janeiro para nos dizer que faria tudo o que fosse possível para resolver o sistema de avaliação, outro problema, para depois nos dizerem no dia 30 que afinal não era possível fazer nada", lembra, frisando que remeteram para a próximo legislatura. 

Os guardas prisionais têm também marcado presença nos protestos das forças de segurança, motivados sobretudo pela atribuição de um subsídio de missão à PJ que deixou de fora, não só a guarda prisional, mas também a PSP e a GNR.

Guardas do EPL iniciam greve na terça-feira

Os guardas do Estabelecimento Prisional de Lisboa (EPL) iniciam na quinta-feira (dia 21) uma greve às diligências até abril e o Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional (SNCGP) promete fazer tudo para tentar travar o encerramento da prisão.

Em declarações à Lusa, o dirigente do SNCGP Frederico Morais critica a decisão do Governo de encerrar o EPL até 2026 - com a distribuição daquela população prisional por outras cadeias na área metropolitana de Lisboa - e visa diretamente a ainda ministra da Justiça, Catarina Sarmento e Castro, ao considerar que "não olhou sequer à segurança das populações onde os reclusos vão ser colocados, nem dos guardas ou dos reclusos".

Leia Também: Recluso em coma após incendiar colchão na prisão de Paços de Ferreira

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