"Não derrubámos o muro, mas fizemos uma grande fenda", disse uma das jovens, Catarina Mota [na imagem], ladeada pelos restantes queixosos neste processo, no átrio do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (TEDH), em Estrasburgo (França).
Dos três processos sobre alterações climáticas sobre os quais o TEDH deliberou hoje, só um foi parcialmente acolhido, o de uma associação de mulheres suíças idosas contra o próprio país.
Nesse caso, o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos reconheceu que houve uma violação do Artigo 8.º da Convenção Europeia dos Direitos Humanos.
A presidente do coletivo de juízes, Síofra O'Leary, admitiu que houve uma violação do direito ao respeito pela vida privada e familiar, que engloba a "proteção da saúde ou da moral".
Catarina Mota disse que, ao ouvir a decisão do TEDH, sentiu "muito orgulho por todo o trabalho que foi desenvolvido" até ao dia de hoje.
"Foi muito trabalho, não apenas nosso, de todos os cientistas, de todos os advogados, é preciso reforçar isso, e sentimos que não foi perdido. Isto não acaba aqui, é apenas o começo e o futuro realmente a prova de que isto era necessário", completou.
A vitória das "avós pelo clima", como eram conhecidas as requerentes da Suíça, é "uma vitória para todos".
"Agora podemos ir aos tribunais nacionais para conseguirmos algo, esse era também um dos nossos objetivos", acrescentou.
Já Martim Duarte Agostinho, o rapaz que encabeçou o processo, admitiu alguma frustração com a decisão, mas disse que o momento é de reflexão.
"É um pouco difícil não me sentir desapontado, mas também estou contente, acho que o resultado foi bastante bom. A explicação era muito técnica e um pouco difícil para uma pessoa como eu perceber. Obviamente que saio chateado, mas o importante é perceber que isto era para nós todos", disse Martim Duarte Agostinho.
Leia Também: Jovens portugueses perderam queixa climática, mas ganharam apoio de Greta