Desafio das ex-colónias portuguesas é "consolidação da democracia"

O Presidente de Angola, João Lourenço, defendeu hoje em Lisboa que o desafio que as ex-colónias têm atualmente é "o da consolidação da democracia, da diversificação e fortalecimento" das suas economias.

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Lusa
25/04/2024 18:51 ‧ 25/04/2024 por Lusa

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25 Abril

João Lourenço, que intervinha na sessão comemorativa do 50.º aniversário do 25 de Abril de 1974, com os chefes de Estado de Portugal e das antigas colónias portuguesas, cuja independência esteve ligada ao 25 de Abril, iniciou a sua intervenção com uma saudação ao derrube "da ditadura salazarista, responsável pela opressão não só do povo português como também dos povos das então colónias portuguesas".

"Reconhecemos a coragem e heroísmo dos capitães de Abril e dos resistentes portugueses que lutaram por todas as formas e meios contra a ditadura, enfrentando a máquina opressora do regime, a PIDE/DGS e seus apêndices, que não se coibiam de torturar e matar os melhores filhos desta terra", salientou.

João Lourenço vincou que enquanto em Portugal se lutava "contra o fascismo e a ditadura salazarista desde 1932", os povos africanos colonizados por Portugal lutavam desde o século XV "contra a colonização portuguesa e suas consequências como a escravatura e a pilhagem" das riquezas.

"Lutámos pelo fim dos abusos, dos crimes e da violação dos direitos humanos cometidos pelo regime colonialista contra nossos povos durante séculos. Lutámos pela nossa dignidade enquanto seres humanos que somos, que devem ter o mesmo direito à liberdade, o direito a sermos os senhores do nosso próprio destino", frisou.

O Presidente angolano traçou o paralelismo entre luta contra a ditadura, em Portugal, e as lutas armadas pela independência das ex-colónias, concluindo que "fizeram precipitar os acontecimentos que levaram ao levantamento e golpe militar do 25 de Abril de 1974 em Portugal".

"A nossa causa era a mesma que a do povo português e, por isso, juntos lutámos e juntos vencemos o mesmo inimigo, o colonialismo e a ditadura fascista de Salazar e Caetano", destacou.

Joao Lourenço saudou depois os "fraternais laços de amizade" entre os povos português e das ex-colonias, ao mesmo tempo que se estabelecia "uma profícua e mutuamente vantajosa cooperação económica".

João Lourenço alertou ainda para os perigos "do crescimento e proliferação de movimentos extremistas, da xenofobia, do neonazismo, da intolerância política e do fundamentalismo religioso, do terrorismo, que ameaçam as democracias e procuram, por meios democráticos nalguns casos mas, sobretudo, por métodos e caminhos inconstitucionais, chegar ao poder".

"Juntemos mais uma vez as nossas vontades e energias para enfrentar e derrotar estas forças negativas que hoje se apresentam com novas roupagens, mas que ameaçam as liberdades fundamentais dos cidadãos, a vida humana e o progresso social das nações", propôs.

No plano internacional, o Presidente angolano condenou de forma assertiva a invasão russa da Ucrânia e reafirmou a defesa da criação do Estado da Palestina.

"Nós, que lutámos pela liberdade que hoje comemoramos, temos o dever moral de condenarmos a agressão, ocupação e anexação de territórios ucranianos pela Rússia e de exigir o respeito pela soberania e integridade territorial da Ucrânia e que sejam envidados os esforços diplomáticos necessários para que seja alcançada a paz definitiva na Ucrânia e na Europa no geral", afirmou.

Depois de condenar a "ação terrorista" perpetrada pelo movimento islamita palestiniano Hamas, em 07 de outubro, "que vitimou milhares de pacíficos cidadãos israelitas e fez centenas de reféns, que devem ser postos em liberdade", o Presidente angolano condenou igualmente a "reação desproporcional" de Israel.

Reconhecendo o direito do Estado judaico de defender os seus cidadãos, João Lourenço disse que Israel "não pode ter carta branca, luz verde para matar indiscriminadamente crianças, mulheres, velhos, doentes acamados, jornalistas e trabalhadores de organizações humanitárias internacionais".

A sessão comemorativa do 50.º aniversário decorre no Centro Cultural de Belém e é presidido pelo Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, com as presenças também do presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, e dos chefes de Estado de Cabo Verde, José Maria Neves, da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, de Moçambique, Filipe Nyusi, de São Tomé e Príncipe, Carlos Vila Nova, e de Timor-Leste, José Ramos-Horta.

[Notícia atualizada às 19h19]

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