Quinta dos Ingleses. Ocupantes "desistiram de procurar imóvel acessível"
Caso já extrapassou fronteiras e é hoje notícia no Brasil. Duas brasileiras, que vivem no local, em tendas, mostraram o documento da empresa ao jornal O Globo. No local vai ser construído um parque urbano e um empreendimento habitacional.
© Beachcam
País Carcavelos
Cerca de 50 pessoas de várias nacionalidades vivem há vários meses num parque de campismo improvisado na Quinta dos Ingleses, em Carcavelos, por não conseguirem suportar a renda de uma casa.
Há cerca de duas semanas, a Câmara Municipal de Cascais deu autorização à empresa Alves Ribeiro, proprietária dos terrenos, para vedar o espaço e avisar os 'ocupantes' que têm de abandonar o local até dia 31 de maio.
Hoje esta informação ultrapassou as fronteiras e é notícia no jornal O Globo, no Brasil. O jornalista Gian Amato falou com duas brasileiras que vivem em tendas no terreno "nobre de Carcavelos" desde que "desistiram de procurar um imóvel com aluguer acessível" em Portugal, onde, como recorda o site brasileiro, o "custo dos imóveis tem empurrado imigrantes e portugueses para viver nas ruas ou em situações improvisadas".
Ao Globo, Andréia Machado revelou que ela e outras 30 pessoas estão a tentar "negociar" um outro terreno para se mudarem e viverem da mesma forma que hoje vivem. Em tendas e rulotes.
Isto porque, conta a brasileira, que trabalha nas limpezas de imóveis, todos se recusam a voltar a arrendar casas "que levam 50% dos salários mínimos".
De acordo com ela, entre o grupo estão idosos que recebem 250 euros de reforma e "alguns menos do que isso". Assim como um português de 58 anos que foi despejado da casa onde vivia há 48 e uma portuguesa, que sofre de uma doença crónica, e que espera desde 2017 por uma casa social.
"Ela tenta arranjar trabalho, mas sem casa e com a idade que já tem, não tem tido sucesso", explicou Andréia.
O mesmo se passa com a brasileira Márcia Araújo que, apesar de trabalhar, não tem fundos suficientes para pagar uma renda em Lisboa.
Ao Globo as brasileiras mostraram a 'carta de despejo' que receberam da empresa Alves Ribeiro. Além da data de saída, no documento vem explícito que todos os bens devem também ser levados até dia 31 de maio.
De acordo com a SIC Notícias o parque de campismo improvisado vai dar lugar a um parque urbano e à construção de um empreendimento habitacional com comércio, serviços e hotelaria.
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