A 23 de outubro de 2023, um jovem de 16 anos irrompeu pela Escola Estadual Sapopemba, em São Paulo, no Brasil, matou uma colega de 17 anos e feriu outras três pessoas.
O autor entregou-se logo às autoridades e foi detido, mas até ontem não se sabia que na origem deste ataque estava a influência de... um jovem português.
Suspeito usava as redes sociais para promover atitudes extremistas
Foi através de um ecrã de computador, sentado à secretária da sua casa, no Norte do país, que um jovem português de 17 anos incentivou outros a cometer massacres em escolas do outro lado do Atlântico.
O seu 'modus operandi' foi descoberto na sequência de uma investigação com "carácter urgente" levada a cabo pela Polícia Judiciária com a colaboração da Polícia Federal do Brasil.
Segundo a PJ, o suspeito "criou e gere um grupo na plataforma Discord, já devidamente identificado, onde se agruparam diferentes pessoas apologistas dos mesmos ideais e que pretendiam cometer atos semelhantes aos idealizados e propagados por aquele".
"Extremista nazi" que incentivou ataques
"Através de um ideário particularmente violento e extremista, o jovem prestava conselhos quanto ao 'modus operandi' e indumentária a envergar pelos demais intervenientes aquando da preparação e prática dos crimes". Entre os "comportamentos extremistas" que promovia estão a "automutilação grave de jovens, mutilação e morte de animais, difusão de propaganda extremista nazi, instigação e prática da 'missão' de cometer massacres em escolas (filmados e transmitidos através do telemóvel) e, ainda, partilha e venda de pornografia infantil".
Este tipo de condutas foram partilhadas no grupo, incluindo transmissões ao vivo de agressões contra animais que levam à sua mutilação e morte, jovens a beber detergente e a automutilarem-se com objetos cortantes.
O ataque de outubro de 2023
Foi na sequência destes comportamentos que veio a decorrer um ataque com arma de fogo numa escola de Sapopemba, no Brasil, resultando na morte de uma jovem de 17 anos.
O atirador não tinha qualquer relação com a vítima mortal, pelo que se acreditava ter sido um tiroteio aleatório. O suspeito usou como arma um revólver calibre .38 que pertencia ao pai, referia o G1 na altura.
Essa mesma arma terá sido partilhada pelo jovem na plataforma Discord, onde mantinha contacto com o português.
PJ procura mais envolvidos
O jovem português foi detido esta quinta-feira, depois de ter sido identificado através do endereço de computador que utilizava. Está "fortemente indiciado pela prática dos crimes de homicídio qualificado, ofensas à integridade física qualificada e discriminação e incitamento ao ódio e à violência". A estes crimes, acresce, ainda, "a prática de crimes pornografia de menores".
A PJ efetuou buscas domiciliárias, tendo apreendido um vasto acervo probatório, designadamente material informático e digital. A investigação prosseguirá, tendo como uma das principais linhas de investigação identificar, em termos internacionais, outros agentes dos crimes em que possam estar envolvidos nesta rede e neste tipo de condutas.
O detido será hoje presente a autoridade judiciária para aplicação das medidas de coação.
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