António Costa esteve na manhã desta quinta-feira no programa 'Dois às 10', da TVI, tendo a sua demissão sido o tema central da conversa com Cristina Ferreira.
O ex-primeiro-ministro voltou a reforçar que está de consciência tranquila em relação à acusação de que foi alvo, contudo diz que não poderia continuar em funções sob a sombra de uma qualquer desconfiança em relação a si.
"Uma coisa é um jornal avançar, outra coisa é ser a entidade máxima do MP a entender que há razões para uma suspeição e anunciá-lo ao país”, começou por considerar o antigo governante, defendendo “que o país não pode ter essa dúvida”.
“Pode-se desconfiar que o primeiro-ministro é simpático, antipático, que trabalha bem ou não. Mas não pode haver dúvidas sobre a honestidade do primeiro-ministro”, disse, defendendo assim a sua decisão de se demitir a 7 de novembro do ano passado.
"Não havia mais nada a fazer, naquela que é a minha visão do que é ser primeiro-ministro", atirou, confidenciando ainda que na altura teve a "sensação de ser atropelado por um comboio e ter ficado vivo".
Questionado sobre o possível envolvimento do à data seu chefe de gabinete, Vítor Escária, António Costa disse acreditar este "não fez nada de incorreto".
“É a minha convicção”, defendeu, lembrando que este mais tarde explicou que o dinheiro descoberto no seu gabinete nada tinha a ver com este processo em causa. Contudo, reconhece que esta descoberta foi “uma quebra grave de confiança”.
Quanto àquela que é a decisão final deste processo, António Costa reforça estar de "consciência muito tranquila" e ciente de como tudo vai acabar. "Conheço o último episódio desta série, só não sei é quantos episódios vai ter, ou temporadas". atirou.
Operação Influencer e o mais recente 'episódio'
Recorde-se que a legislatura anterior foi interrompida na sequência da demissão de António Costa, após ter sido divulgado que era alvo de um inquérito instaurado no MP junto do Supremo Tribunal de Justiça após ter sido extraída uma certidão do processo-crime Operação Influencer.
A Operação Influencer levou na altura à detenção de Vítor Escária (chefe de gabinete de António Costa), Diogo Lacerda Machado (consultor e amigo de António Costa), dos administradores da empresa Start Campus Afonso Salema e Rui Oliveira Neves, e do presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas, que ficaram em liberdade após interrogatório judicial.
Existem ainda outros arguidos, incluindo o agora ex-ministro das Infraestruturas João Galamba, o ex-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, o ex-porta-voz do PS João Tiago Silveira e a Start Campus.
O caso está relacionado com o projeto de construção de um centro de dados na zona industrial e logística de Sines pela Start Campus, a produção de energia a partir de hidrogénio em Sines, e a exploração de lítio no distrito de vila Real, em Montalegre e Boticas.
Esta sexta-feira, sublinhe-se, fez saber a agência Lusa que o juiz de instrução criminal do processo Influencer rejeitou o pedido de nulidade invocado pelo arguido Afonso Salema resultante do facto de o Ministério Público ter recorrido à PSP e não à PJ na fase de investigação, naquele que é o mais recente 'episódio' do caso.
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