O jovem de 17 anos detido em Portugal por suspeitas de ter ordenado vários massacres em escolas no Brasil está acusado de 11 crimes, revelou esta segunda-feira o Ministério Público (MP).
O suspeito, que ficou em prisão preventiva, está acusado, "em coautoria e em concurso efetivo a título de autoria, na modalidade de instigação", de um crime de homicídio qualificado, na forma consumada, com recurso a arma e de cinco crimes de homicídio qualificado, com recurso a arma, na forma tentada, pode ler-se em nota do MP.
Em concurso efetivo, a título de autoria material, está também acusado de um crime de instigação pública a um crime, um crime de apologia pública de um crime, um crime de associação criminosa, e dois crimes de pornografia de menores agravado.
Ainda segundo o MP, a investigação teve início em auto de denúncia elaborado pela Polícia Judiciária (PJ) em 25-12-2023. A investigação prossegue, encontrando-se o inquérito sujeito a segredo de justiça.
Recorde-se que um estudante português de 17 anos foi detido, na passada quinta-feira, por suspeitas de ter ordenado vários massacres em escolas no Brasil. O jovem é suspeito de instigar à prática de massacres em escolas no Brasil, tendo dado a ordem a outros jovens através das redes sociais, a partir da casa onde vive com os pais.
Num destes ataques, fez com que um rapaz de 15 anos invadisse uma escola em Sapopemba, São Paulo, e assassinasse a tiro uma rapariga de 17 anos. Aconteceu em outubro passado e deste ataque resultaram ainda três feridos.
Tanto o suspeito como os seus seguidores partilhavam o fascínio pelo fenómeno do 'mass shooting' – tiroteios indiscriminados em ambiente escolar.
Segundo a PJ, o suspeito criou e geria um grupo na plataforma Discord, "já devidamente identificado, onde se agruparam diferentes pessoas apologistas dos mesmos ideais e que pretendiam cometer atos semelhantes aos idealizados e propagados por aquele".
"Através de um ideário particularmente violento e extremista, o jovem prestava conselhos quanto ao 'modus operandi' e indumentária a envergar pelos demais intervenientes aquando da preparação e prática dos crimes". Entre os "comportamentos extremistas" que promovia estão a "automutilação grave de jovens, mutilação e morte de animais, difusão de propaganda extremista nazi, instigação e prática da 'missão' de cometer massacres em escolas (filmados e transmitidos através do telemóvel) e, ainda, partilha e venda de pornografia infantil".
Este tipo de condutas foram partilhadas no grupo, incluindo transmissões ao vivo de agressões contra animais que levam à sua mutilação e morte, jovens a beber detergente e a automutilarem-se com objetos cortantes.
Segundo o diretor nacional da Polícia Judiciária (PJ), Luís Neves, a detenção, terá evitado o assassinato de um mendigo, no Brasil, que seria transmitido online mediante pagamento.
"Um dos crimes que estava a ser programado no Brasil era o cometimento de um homicídio com laivos de sofrimento de um mendigo, em que essas imagens iam ser emitidas num ambiente cibernético e em que cada assistente pagaria uma quantia", revelou o responsável à imprensa.
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