Europeias. Ativista capacita mulheres migrantes em Portugal para votarem

A ativista e mediadora intercultural Farhana Akter está a capacitar as mulheres migrantes que vivem em Portugal para participarem politicamente e votarem nas eleições para o Parlamento Europeu, agendadas para junho.

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Lusa
11/05/2024 08:46 ‧ 11/05/2024 por Lusa

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Farhana Akter

'O seu voto é a sua voz' é o lema da campanha do projeto 'Agency: vote with her!', coordenado pela European Network of Migrant Women (ENoMW), em colaboração com a Femlens e outras organizações locais e apoiado pela União Europeia (UE).

Lançado no ano passado, o projeto pretende aumentar a participação política de mulheres imigrantes no contexto das eleições para o Parlamento Europeu e capacitar um conjunto de mulheres para serem agentes de mudança.

Farhana Akter é uma delas, entre as mais de 50, de 14 países da UE, envolvidas no projeto, que lançou a campanha para as eleições europeias.

O objetivo é "levar informação" às mulheres migrantes sobre quais são os seus direitos, capacitando-as e dando-lhes a confiança necessária para exercerem o voto, explica Farhana Akter, em entrevista à agência Lusa.

"Quando sabemos o que se passa à nossa volta, somos mais confiantes", justifica a mediadora intercultural.

Farhana Akter -- que chegou a Portugal, vinda do Bangladesh, em 2020 - preside à cooperativa Bandim e coordena o voluntariado na LICA (Lisbon International Association), onde travou conhecimento com dezenas de migrantes, de mais de 30 países, que ali estudavam português como língua estrangeira.

Interessou-se pela comunidade e, apercebendo-se de que "muita gente não tinha acesso à informação correta", baseando-se na que lhe chegava "boca a boca, muitas vezes torcida", quis ajudar a comunidade com "informação em que possa confiar".

Sem dados sobre a efetiva participação em atos eleitorais dos migrantes que vivem em Portugal, a ativista realça que "muitas pessoas têm cidadania europeia e não vão votar porque estão ocupadas com as suas vidas".

As pessoas que migram, recorda, "passam vários anos numa situação muito complicada" e "quase se esquecem dos seus direitos cívicos, da participação política, esquecem-se de ir votar".

Acresce que "às vezes não é fácil encontrar informação sobre o voto e como podem votar". E, no caso das mulheres, "é ainda mais difícil", constata, acreditando que "as mulheres são mais vulneráveis" neste contexto, "muitas vezes dependentes e com filhos".

No terreno, Farhana tem encontrado mulheres que querem votar mas não sabem como.

Porém, arrisca dizer que as mulheres migrantes de hoje são "totalmente diferentes" das que chegaram a Portugal no passado.

Antes, as mulheres chegavam "com os seus maridos, mais dependentes e menos ativas na comunidade" e agora "chegam por conta própria, mais independentes e envolvidas, muitas delas altamente instruídas", distingue.

Com o projeto, Farhana quer disseminar a ideia de que o que os líderes fazem "tem impacto em tudo", reconhecendo que "existe um distanciamento enorme entre os políticos e as pessoas".

Esse fosso "deve ser reduzido" e, para isso, os políticos têm de conhecer o terreno, descer às bases, recomenda.

"Uma decisão, por mais simples que seja, tem um impacto enorme", assinala.

"Um voto pode provocar muitas mudanças e saber isto é importante", acrescenta.

Sobre o discurso político, Farhana aconselha os líderes a pensarem que a migração "não pode ser parada" e, na verdade, "não é negativa para nenhum país".

No contexto globalizado em que vivemos, o que importa é que os líderes pensem no que podem "fazer para melhorar as nossas relações, tornar as nossas vidas mais pacíficas", destaca.

Farhana tem consciência de que as mulheres com quem tem falado poderão não votar já nestas próximas eleições, mas confia que ganharão interesse. "É um processo", diz.

As eleições para o Parlamento Europeu, em que os eleitores dos 27 Estados-membros da UE escolhem os 720 deputados, decorrem entre 06 e 09 de junho.

Em Portugal, a votação está marcada para o dia 09, escolhendo-se os 21 representantes nacionais no hemiciclo europeu.

Leia Também: Migrações em destaque nas europeias mas especialistas recusam haver crise

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