É oficial. Depois de várias notícias (em diversas datas) que davam conta da vinda de Volodymyr Zelensky a Portugal, desta feita é mesmo de vez: O presidente da Ucrânia desloca-se ao nosso país, amanhã, terça-feira, pela primeira vez desde o início da guerra - e depois de, hoje, ter estado em Espanha.
O mais 'perto' que o chefe de Estado ucraniano esteve de Portugal - até ao momento - foi numa intervenção que fez no Parlamento, em 21 abril de 2022. Na altura, Zelensky usou um paralelismo: "O vosso povo daqui a nada vai celebrar a Revolução dos Cravos, vocês sabem perfeitamente o que nós estamos a sentir", disse, em menção à Revolução dos Cravos.
Agora, não vai ser por videoconferência. O presidente da Ucrânia vai estar mesmo em Portugal e terá encontros com o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, e o primeiro-ministro, Luís Montenegro, anunciou hoje a Presidência da República Portuguesa.
"A convite do Presidente da República e do primeiro-ministro, o Presidente da Ucrânia Volodymyr Zelensky deslocar-se-á a Portugal amanhã [terça-feira], 28 de maio", lê-se numa nota publicada no sítio oficial.
Segundo esta comunicação, divulgada simultaneamente pelo gabinete do primeiro-ministro, Luís Montenegro, "a visita de trabalho do Presidente Zelensky insere-se na intenção partilhada de aprofundar as excelentes relações entre os dois estados, com enfoque particular no reforço da cooperação no domínio da segurança e defesa".
Esta visita de Zelensky a Portugal "será ainda oportunidade para reiterar o compromisso de Portugal para com a soberania e integridade territorial da Ucrânia, bem como com a manutenção do apoio político, militar, financeiro e humanitário a Kyiv".
A agenda da visita divulgada pelo gabinete do primeiro-ministro, Luís Montenegro, avança que Volodymyr Zelensky é esperado na Residência Oficial pelas 15h45 - onde decorrerá um encontro bilateral entre o chefe de Governo e o presidente ucraniano. Para uma hora depois, às 16h45, está marcada a cerimónia de assinatura do acordo bilateral do compromisso de segurança, seguido de declarações à imprensa.
Hoje, recorde-se, durante a visita a Espanha - que esteve anteriormente prevista para 17 de maio, mas foi cancelada - Volodymyr Zelensky confirmou que viria ao nosso país: "Sim, planeio ir a Portugal", disse o presidente da Ucrânia, em conferência de imprensa com o chefe do governo espanhol, Pedro Sánchez, em Madrid.
Em 14 de maio, o ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo, confirmou que estava a ser preparada uma visita do Presidente da Ucrânia a Portugal, sem indicar para quando nem com que programa.
Zelensky vem assinar acordo e "agradecer esforço" de Portugal
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, confirmou, esta segunda-feira, que a visita do presidente da Ucrânia, Voldymyr Zelensky, a Portugal, na terça-feira, visa, "essencialmente", a assinatura de um acordo no quadro do relacionamento bilateral entre ambos os países e o facto de Kyiv querer "agradecer o esforço que Portugal tem feito" nos últimos dois anos.
Depois de uma reunião, em Bruxelas, o ministro português começou por lembrar que a visita do presidente Zelensky "esteve marcada e programada para há quase duas semanas", mas, devido à situação em Kharkiv, "só foi possível fazer Espanha e Portugal hoje e amanhã", respetivamente.
"Foi concluído já há cerca de três semanas o acordo político entre Portugal e a Ucrânia, que é um acordo bilateral em todas as áreas em que temos cooperado nestes dois anos. Na área de assistência humanitária, na área de assistência financeira, na área de assistência militar, na área de assistência política ao próprio processo de integração europeia", disse também Rangel.
"Todo ele recolhe todas as dimensões em que temos trabalhado, mas agora de uma forma sistematizada e com um horizonte de dez anos", acrescentou.
Assim, resumiu: "A visita visa, essencialmente, duas coisas: por um lado esse quadro de relacionamento bilateral entre Portugal e a Ucrânia para os próximos anos, já devidamente sistematizado num acordo político. E, ao mesmo tempo, a Ucrânia quer agradecer o esforço que Portugal tem feito e que nós sabemos que é bastante grande, ao longo destes dois anos, de total solidariedade com a situação do país e, designadamente, com a necessidade de restabelecer a soberania e a integridade territorial da Ucrânia".
A ida de Marcelo Rebelo de Sousa à Ucrânia
De lembrar que, em agosto do ano passado, Marcelo Rebelo de Sousa realizou uma visita de dois dias à Ucrânia, a convite do Presidente Volodymyr Zelensky, por ocasião do 32.º aniversário da independência do país.
Nessa visita, em agosto de 2023, o chefe de Estado português passou por Kyiv, Bucha, Moshchun, Irpin e Horenka, em sinal de apoio aos ucranianos na guerra em defesa contra a invasão pela Federação Russa iniciada em fevereiro de 2022.
Antes, já o ex-primeiro-ministro António Costa e o antigo presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, se tinham deslocado ao país.
Marcelo Rebelo de Sousa entrou numa trincheira em Moshchun© Miguel Figueiredo Lopes / Presidência da República
"Apoio inequívoco" e integração "para continuar". As reações
IL quer estar com Zelensky para manifestar "apoio inequívoco"
A primeira reação (partidária) à visita de Zelensky a Portugal veio da parte da Iniciativa Liberal, pela voz do cabeça de lista ao Parlamento Europeu, João Cotrim Figueiredo. O candidato revelou, esta segunda-feira, estar "a fazer os possíveis" para estar com o Presidente da Ucrânia e manifestar-lhe o "apoio inequívoco" do partido.
"Posso-lhe adiantar que estou a fazer os possíveis para tentar estar com o Presidente da Ucrânia na visita a Portugal, não só porque faz agora um ano que estivemos juntos em Kyiv, mas também porque se dá a circunstância de Volodymyr Zelensky ser presidente de um partido que é irmão da Iniciativa Liberal", afirmou João Cotrim de Figueiredo no final de uma arruada, em Lisboa, ação que marcou o arranque oficial da campanha para as Europeias.
Além de "apoio inequívoco", João Cotrim de Figueiredo manifestou "toda a solidariedade" aos ucranianos na defesa da sua soberania territorial e política. "Eu gostava de dizer isso de viva voz a Volodymyr Zelensky, um herói para o povo ucraniano", salientou.
Visita de Zelensky mostra que caminho de integração é para "continuar"
Marta Temido, cabeça de lista do PS às Europeias, considerou esta segunda-feira que a visita de Volodymyr Zelensky a Portugal mostra que o caminho rumo à integração do país na União Europeia "é para continuar a percorrer".
"Esta visita do Presidente Zelensky, já há muito tempo aguardada, é também uma notícia que mostra um caminho que é para continuar a percorrer indubitavelmente e aqui esta parte da Península Ibérica gostaria de ter este contacto, e acho que isso é muito importante", enfatizou.
Bugalho estará "em espírito e politicamente" com Zelensky
Por sua vez, Sebastião Bugalho, o candidato da AD às Europeias, disse que estará na terça-feira "em espírito e politicamente" com o Presidente da Ucrânia e assegurou não temer que a campanha seja "ofuscada" pela presença de Volodymyr Zelensky em Portugal.
O candidato manifestou a certeza de que Portugal irá reiterar o seu "compromisso total e absoluto com a paz na Ucrânia e o fim da agressão russa". "Nós sabemos que a única forma de a guerra terminar e tendo uma Europa segura é com a derrota da Rússia. Portugal mantém o compromisso de apoio financeiro, militar, económico e humanitário à Ucrânia", disse.
[Notícia atualizada às 18h22]
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