Após meses de especulação, o nome do ex-primeiro-ministro português, António Costa, deverá ser aprovado, esta quinta-feira, para a presidência do Conselho Europeu. Desde a sua demissão aos apoios reunidos para o cargo na Europa, eis o que aconteceu até aqui.
Costa demitiu-se do cargo de primeiro-ministro a 7 de novembro, no mesmo dia em que o seu nome surgiu associado à Operação Influencer, um processo que investiga casos de alegada corrupção e tráfico de influências em negócios de lítio, hidrogénio verde e um centro de dados em Sines.
Na sequência da demissão do primeiro-ministro socialista, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, convocou eleições legislativas antecipadas para 10 de março, das quais a coligação Aliança Democrática (AD), composta pelo PSD, CDS-PP e PPM e liderada por Luís Montenegro, saiu vencedora.
"O melhor". Costa reúne apoio do Governo e do Presidente da República
Cerca de dois meses após as legislativas, a 9 de junho, realizaram-se as eleições Europeias. Nessa mesma noite, o primeiro-ministro Luís Montenegro reconheceu que era "possível que a presidência do Conselho Europeu" estivesse "destinada a um candidato socialista" e anunciou o apoio da AD e do Governo ao seu antecessor para o cargo, caso decidisse ser candidato.
A posição de Montenegro tem sido reiterada ao longo das últimas semanas e ainda esta quarta-feira considerou que Costa "é o melhor socialista" para presidir ao Conselho Europeu não por ser português, mas pelas suas características.
"Eu considero que António Costa é mesmo o melhor socialista daqueles que estão com condições de ser candidatos à presidência do Conselho Europeu para o exercício daquela função em concreto. Não é só por ser português, é pelas suas próprias características", enfatizou o primeiro-ministro.
Além do apoio do Governo português, António Costa tem também o aval do Presidente da República, que já afirmou em diversas ocasiões que ter o ex-governante num cargo europeu seria "importante" não só para Portugal, mas também para a Europa.
Marcelo Rebelo de Sousa descreveu Costa como um "apaixonado pela Europa" e elogiou a sua prestação como primeiro-ministro no quadro europeu.
Também o social-democrata Durão Barroso, que inclusive já ocupou um alto cargo em Bruxelas enquanto presidente da Comissão Europeia, afirmou que Costa "é o melhor posicionado" para presidir ao cargo por ser quem "gera mais consenso" dentro e fora da família socialista.
"Costa é o melhor posicionado. Porque tem muita experiência, é o mais conceituado no seu partido e gera consensos. Penso que é normal que seja o próximo presidente do Conselho Europeu", defendeu em entrevista ao El Español.
Dentro do Partido Socialista, o secretário-geral, Pedro Nuno Santos, também considerou que Costa "é o político mais bem preparado" para presidir ao Conselho Europeu e que a sua indicação é uma boa notícia para a Europa, Portugal e os socialistas.
Negociadores já chegaram a acordo para o nome de Costa
Os seis chefes de Governo e de Estado da União Europeia (UE) que, no Conselho Europeu, estão a negociar os cargos de topo, incluindo a nomeação de António Costa, chegaram a um acordo preliminar na terça-feira. Foi também acordado o nome de Ursula von der Leyen para um segundo mandato na Comissão Europeia e o da primeira-ministra da Estónia, Kaja Kallas, para chefe da diplomacia comunitária.
Este é, porém, um aval dos partidos e não final, que só poderá ser confirmado na cimeira de líderes que decorre entre esta quinta e sexta-feira. Reunidos em Bruxelas, os líderes dos 27 vão discutir, esta sexta-feira, os altos cargos das instituições da UE no próximo ciclo institucional (2024-2029) na sequência das eleições europeias.
No entanto, apesar do consenso sobre os nomes de Von der Leyen, Costa e Kallas, os primeiros-ministros de Itália, Giorgia Meloni, e da Hungria, Viktor Orbán, já demonstraram estar contra o pacote dos cargos de topo, pelo que haverá reuniões bilaterais para os tentar convencer, ainda que o seu aval não seja obrigatório visto tratar-se de uma votação por maioria qualificada.
A confirmar-se, António Costa sucede ao belga Charles Michel, que está no cargo desde 2019.
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