A governante falou aos jornalistas no final da cerimónia de Inauguração da Reabilitação e Valorização das Ribeiras de Freixiel, no distrito de Bragança, onde foram intervencionados 30 quilómetros de linhas de água ao longo de um ano. Portugal espera reabilitar 500 quilómetros até 2030.
"É uma das metas da Lei do Restauro, uma lei europeia aprovada dia 17 de junho e que nós votámos favoravelmente. Agora temos de fazer os planos nacionais do calendário das nossas metas para os rios, das árvores para plantar ou dos espaços verdes nas cidades. O que a lei diz é que são 25 mil quilómetros a nível europeu. Agora tem de se negociar quanto é que é para cada país, mas será à volta de 500 quilómetros. E nós, felizmente, já temos em curso 300 quilómetros de recuperação de rios", explicou Maria da Graça Carvalho.
A ministra adiantou ainda que no dia 30 deste mês vai visitar cinco rios cujas intervenções perfazem os 300 quilómetros de manutenções a acontecer, com um valor de nove milhões de euros.
No concelho transmontano foi tomado por Maria da Graça Carvalho como um dos exemplo do que está programado a nível nacional, cuja intervenção custou 800 mil euros financiados por fundos europeus, onde foram renaturalizadas as linhas hídricas.
O objetivo destas ações, disse ainda Maria da Graça Carvalho, é despoluir, remover barreiras à passagem da água, como troncos ou espécies vegetais invasoras, e restaurar os ecossistemas.
No caso de Vila Flor, a ideia é recuperar todos os cursos de água do concelho, segundo o presidente da câmara, Pedro Lima.
Estão ainda a ser criados os postos de sapadores de rios, que têm a função de fazer a manutenção e continuidade do trabalho feito.
Em Vila Flor, para já, há cinco em atividade, que formam uma equipa, mas 10 operacionais, que são os sapadores florestais do concelho, já receberam uma formação especializada para as novas atividades.
"Temos duas equipas de sapadores florestais que já têm alguma formação na manutenção de ribeiras. Porque são coisas diferentes. (...) Um sapador de rios deve saber quais são as espécies endógenas, que devem ficar, e as invasoras", disse Pedro Lima.
O autarca vilaflorense clarificou ainda que, numa primeira fase, não vão contratar mais pessoal mas optar por um "sistema híbrido" até atingir um volume considerado mínimo, que fixou nos 100 quilómetros. Aí haverá lugar a reforços, o que previu que possa acontecer dentro de dois a três anos.
Durante a cerimónia foi assinado um protocolo para garantir a continuação do financiamento do projeto, que envolve a Agência Portuguesa do Ambiente (APA).
Para o vice-presidente da APA, José Pimenta Machado, este projeto é uma forma de "plantar água", até para garantir maior armazenamento e aproveitamento no futuro.
"Isto é fundamental para responder ao tempo que sabemos bem que vem aí. O que nos dizem os modelos é que vamos no futuro mesmo menos água. Não tenho dúvidas sobre isso", considerou Pimenta Machado.
Sobre o cenário nacional em termos de reservas de água, o responsável da APA descreveu duas realidades.
"A Norte e Centro estamos bem. As albufeiras estão quase cheias. Do ponto de vista da precipitação foi um ano acima da média. Mas é verdade que temos duas regiões do país, a sul do Tejo, no Sudoeste do Alentejo e no Algarve, de facto, as recuperações que nós queríamos", esclareceu Pimenta Machado, acrescentando que há 10 anos que na região algarvia chove abaixo da média.
Leia Também: Portugal pretende renovar o apoio a projetos ambientais a Cabo Verde