Debandada na PSP? Saem oficiais, mas também jovens com "1 ano de serviço"

Nos últimos cinco anos, 550 polícias abandonaram as fileiras da GNR e da PSP para integrarem organismos internacionais, desempenharem outras profissões ou para ingressarem na Polícia Judiciária (PJ).

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Marta Amorim
22/07/2024 11:22 ‧ 22/07/2024 por Marta Amorim

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"Temos constatado diariamente uma vontade expressa de muitos profissionais, agentes, chefes e oficiais que querem sair da instituição", diz ao Notícias ao Minuto Paulo Santos, presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia. 

 

"Saem porque não se revêem na forma como a carreira é vista pelo poder político, ou porque não se sentem reconhecidos e estão cada vez mais cansados pelo que o serviço lhes impõe", revela.

Em reação à notícia desta segunda-feira, do Jornal de Notícias (JN), que dá conta que os salários baixos e desmotivação forçam centenas de polícias a sair da GNR e da PSP, o sindicalista frisa que a PSP neste momento "tem um problema gravíssimo, com a conjugação de três fatores". 

"A PSP não tem atratividade para chamar jovens. Os salários são baixos e os jovens não querem concorrer. Outro fator tem que ver exatamente com a fuga de quadros. Está a acontecer um fenómeno que, não sendo novo, está a ter muito mais reflexo nos oficiais, algo que antigamente não se via tanto", diz, frisando que querem sair "muitos chefes", mas também muitos agentes que, "apesar de terem apenas 1, 2, 3 ou 4 anos de serviço, já querem sair da instituição".

"Por fim, a questão do envelhecimento e do barramento das saídas. Porque como não há entradas, não podem haver saídas", completa, lembrando que muitos estão frustrados sem poder abandonar a profissão. 

Para onde vão estes polícias?

A maioria, revela Paulo Santos, saem para a Polícia Judiciária. Mas não só. "O nosso sindicato tem sido contacto por colegas que querem informações sobre como sair da instituição", conta, dizendo que "muitas das saídas são para a Polícia Judiciária, para a ASAE, Autoridade Tributária e outras inspeções, mas também para a parte civil, para profissões que não têm nada a ver com a profissão".

Segundo o presidente do sindicato, a questão dos salários é mesmo determinante. Na sua maioria, afiança, estes polícias estão "longe de casa e com dificuldades em sustentar a família". 

Segundo o JN, nos últimos cinco anos, 550 polícias abandonaram as fileiras da GNR e da PSP para integrarem organismos internacionais, desempenharem outras profissões ou para ingressarem na Polícia Judiciária (PJ).

Os números da PSP mostram que, nos últimos cinco anos, 118 polícias abandonaram a corporação por opção. 52 elementos solicitaram uma licença sem vencimento de longa duração para experimentar outras atividades profissionais e registaram-se saídas significativas também para organismos internacionais ligados à segurança (35), sobretudo a Frontex, e ainda para a PJ (31).

Leia Também: Moedas pede mais policias para combater insegurança no centro de Lisboa

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