A consultora para os Assuntos Sociais, Sociedade e Comunidades da Casa Civil do Presidente da República, Maria João Ruela, garantiu, esta quarta-feira, que "não mentiu" na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o alegado favorecimento no caso das gémeas luso-brasileiras tratadas com um medicamento milionário no Hospital Santa Maria, em Lisboa.
Em causa esteve uma intervenção do líder do Chega, André Ventura, que acusou a assessora de Marcelo Rebelo de Sousa de "mentir" por ter afirmado anteriormente que não conhecia o relatório da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) sobre o caso, mas ter apresentado "incongruências" sobre o mesmo.
"Eu não fui notificada do relatório, mas o relatório é público", explicou Maria João Ruela, ao que Ventura contrapôs: "Perguntámos se conhecia o relatório e disse que não. Mentiu aqui na Comissão Parlamentar de Inquérito".
"Eu não menti na comissão de inquérito", atirou a assessora.
O presidente da CPI, Rui Paulo Sousa, pediu então a Maria João Ruela para que "tenha atenção que convém que as respostas sejam dadas com o máximo de verdade e assertividade".
"Eu não tenho por hábito mentir. Muito menos mentir numa Comissão Parlamentar de Inquérito, como deve calcular", respondeu.
Momentos mais tarde, numa outra intervenção de Ventura, o deputado falou sobre um e-mail que terá sido enviado pela própria Maria João Ruela e não pela Casa Civil a Nuno Rebelo de Sousa.
"'Olá, Nuno. Boa tarde. Para já tenho o relato do que consegui saber, o processo foi recebido e estão a ser analisados vários casos do mesmo tipo, estando a ser analisados doentes internados e seguidos em hospitais portugueses'. Sabe de quem é este e-mail. Não é do chefe da Casa Civil. É seu", afirmou o líder do Chega.
Ventura prosseguiu dizendo que Maria João Ruela disse que o "e-mail era da Casa Civil", mas, na verdade, "é seu, de 23 de outubro". "Não está a dizer a verdade", atirou.
E Maria João Ruela defendeu-se: "Senhor deputado, não me acuse de mentir porque isso atinge a minha honra".
"Já expliquei que esse e-mail vem de uma insistência do doutor Nuno Rebelo de Sousa, a que eu remeto ao chefe da Casa Civil a questionar o que responder. O senhor chefe da Casa Civil responde-me com esse parágrafo que eu enviei depois ao doutor Nuno Rebelo de Sousa", reiterou.
Anteriormente, a responsável já tinha assegurado que o caso foi "tratado de forma idêntica" a outros, explicando que no dia 21 de outubro de 2019 recebeu um e-mail do chefe da Casa Civil, reencaminhado também para Marcelo Rebelo de Sousa, a perguntar se Maria João Ruela podia "perceber o que se passa".
"Todo o processo foi por mim tratado de forma idêntica a todos os outros que tenho acompanhado ao longo dos últimos oito anos na Presidência da República", sublinhou.
Disse também que o filho de Marcelo Rebelo de Sousa "lamentou-se" ao chefe da Casa Civil, Fernando Frutuoso de Melo, sobre a sua "percecionada inação".
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