A associação ambientalista algarvia manifestou a sua "enorme preocupação" com a "carência hídrica extrema" que se verifica na foz da ribeira de Alcantarilha, que diz estar a causar uma "enorme mortandade de animais, em particular peixes", questionando os motivos por que não foi possível garantir os caudais ecológicos necessários para evitar a perda de biodiversidade na zona.
Questionada pela agência Lusa sobre o caso, a APA explicou que aquela ribeira faz parte de um conjunto de sistemas húmidos costeiros do litoral algarvio, que têm tido a respetiva foz ativa (aberta ao mar) "de forma intermitente ao longo dos últimos séculos", cabendo à Câmara de Silves assegurar a gestão dos níveis de água "em função das condições de drenagem das águas pluviais nas áreas urbanas adjacentes" ao curso de água.
A Agência Portuguesa do Ambiente assegurou que a descida dos níveis de água nessa zona húmida costeira do distrito de Faro está sob avaliação e reconheceu que houve "uma ocorrência de mortalidade de peixes, maioritariamente tainhas, a 10 de julho".
Desde essa data "foi decidido, em articulação e colaboração do Município de Silves, proceder à abertura da foz, no período de ocorrência de marés vivas, que corresponde à janela temporal mais adequada para assegurar a entrada de água salgada no troço terminal da ribeira, potenciando o sucesso da operação, e assim minimizar a morte dos peixes", destacou.
Esta ação foi realizada "a título experimental", na passada segunda-feira, com a APA a admitir que existem "algumas reservas quanto à eficácia da transferência de água, no sentido mar-ribeira", quer em termos de volume, quer no que respeita ao aumento significativo da cota de água na lagoa e sua posterior manutenção.
Segundo a APA, a mortandade "decorre da situação de seca hidrológica associada à ausência de caudais naturais, da eliminação das descargas de água no final dos canais de distribuição do perímetro de rega de Silves, Lagoa e Portimão, decorrentes das medidas de eficiência hídrica adotadas [...] e das restrição decorrentes da implementação do plano de contingência para mitigação dos efeitos da seca, que impede a realização da exploração de arroz no corrente ano".
A APA salientou que a ribeira de Alcantarilha "tem beneficiado de excedentes de água provenientes do perímetro de rega de Silves, Lagoa e Portimão e das culturas temporárias que tradicionalmente são realizadas no perímetro, assim como o contributo das rejeições de duas ETAR [Estação de Tratamento de Águas Residuais] de Lagoa".
Estes aportes de água têm assegurado "a manutenção de grandes planos de água no troço terminal da ribeira", com a gestora dos caudais a garantir que o nível de água "não ultrapassasse determinados valores para prevenir riscos de inundação e insalubridade na zona baixa de Armação de Pera", como as condições favoráveis à proliferação de insetos como mosquitos, acrescentou a APA.
"Para o efeito, ao longo dos últimos anos, eram realizadas aberturas da foz da ribeira, permitindo a descarga das águas no troço terminal da ribeira para o mar. Normalmente ocorriam várias aberturas ao longo do período estival em função da evolução do nível de água na zona húmida", assinalou.
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