"A noite ainda vai ser de muito trabalho, em particular na região de Viseu Dão Lafões e também na Área Metropolitano do Porto, no incêndio de Arouca, Alvarenga [distrito de Aveiro]. São incêndios que ainda estão ativos", afirmou o comandante nacional André Fernandes.
Numa conferência de imprensa, na sede da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), em Carnaxide, no concelho de Oeiras (Lisboa), para fazer o ponto de situação às 20:00 do combate aos incêndios que lavram desde domingo nas regiões do Norte e Centro de Portugal continental, o comandante nacional destacou um dos incêndios em Castro Daire, indicando que "tem cerca de 10 frentes ativas com pouca intensidade", esperando que a situação meteorológica "mais favorável" possa ajudar no combate.
André Fernandes disse que a noite desta quinta-feira e a madrugada de sexta-feira serão "uma janela de oportunidade para estabilizar ao máximo" os incêndios ativos, para que na sexta-feira "o maior número de frentes esteja já dominado" e se possa "dar estes incêndios também como perfeitamente estabilizados, ou seja, dominados".
O comandante nacional de emergência e proteção civil reforçou a mensagem chave continua a ser "tolerância zero ao uso do fogo", porque "ainda existe risco de incêndio florestal", o que exige adequação dos comportamentos de risco e redução do número de ignições.
O responsável da ANEPC reiterou o aviso sobre a previsão de "aguaceiros pontualmente fortes" nas áreas afetadas pelos incêndios durante sexta-feira e sábado, o que pode aumentar a mobilização dos inertes das áreas ardidas, pelo que devem ser implementadas medidas preventivas, nomeadamente a desobstrução dos escoamentos de água.
"Ainda vamos ter longas horas de trabalho para garantir a estabilização dos incêndios que ainda estão em curso", realçou.
A ANEPC registou hoje 111 incêndios, dos quais 83 diurnos e 28 noturnos, referiu André Fernandes, segundo dados até às 19:00 desta quinta-feira, referindo que, até essa hora, estavam em curso 21 fogos, que eram combatidos por 2.158 operacionais, apoiados por 630 meios terrestres e 25 meios aéreos.
"Mantemos ainda a monitorização de 13 ocorrências significativas. Estamos a falar de quatro na sub-região de Viseu Dão Lafões, no Alto Tâmega e Barroso (uma), na Área Metropolitana do Porto (duas), no Ave (uma), no Douro (quatro) e no Tâmega e Sousa (uma). Aqui estão envolvidos 1.999 operacionais e 595 meios terrestres, apoiados por 19 meios aéreos", informou.
Nas ocorrências significativas em resolução, num total de 14 fogos dominados, inclusive em Oliveira de Azeméis, Sever do Vouga, Águeda e Albergaria-a-Velha, no distrito de Aveiro, pelas 19:00 estavam 1.285 operacionais, 374 meios terrestres e seis meios aéreos para garantir a consolidação.
De acordo com o comandante, na sexta-feira, "os meios aéreos que foram solicitados ao Mecanismo Europeu de Proteção Civil, e através do acordo bilateral do Reino de Espanha, vão ser desmobilizados".
"Os meios de reforço nacionais vão-se manter ainda durante o dia de amanhã [sexta-feira]", expôs.
Os números de vítimas dos incêndios contabilizados pela Proteção Civil apontam para um total de 166, nomeadamente "cinco mortos, 12 feridos graves, 78 feridos ligeiros e 71 assistidos".
André Fernandes adiantou que se mantêm três planos distritais de emergência acionados e 13 planos municipais.
Sobre o impacto dos incêndios nas infraestruturas de transportes, o comandante informou que "não há vias cortadas ou condicionadas nos principais itinerários", designadamente autoestradas, IP (itinerários principais) e IC (itinerários complementares), contudo ressalva que, havendo ainda incêndios ativos, aconselha-se a consulta de informação atualizada da GNR e da PSP.
A ferrovia nacional também se encontra sem cortes, sem qualquer afetação por via de incêndios.
Sete pessoas morreram e 161 ficaram feridas devido aos incêndios que atingem desde domingo sobretudo as regiões Norte e Centro do país, nos distritos de Aveiro, Porto, Vila Real, Braga, Viseu e Coimbra, e que destruíram dezenas de casas.
A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) contabiliza cinco mortos, excluindo da contagem dois civis que morreram de doença súbita.
A área ardida em Portugal continental desde domingo ultrapassa os 121 mil hectares, segundo o sistema europeu Copernicus, que mostra que nas regiões Norte e Centro já arderam mais de 100 mil hectares, 83% da área ardida em todo o território nacional.
O Governo declarou situação de calamidade em todos os municípios afetados pelos incêndios nos últimos dias e sexta-feira dia de luto nacional.
[Notícia atualizada às 23h51]
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