Em entrevista hoje divulgada pelo jornal Público e pela Rádio Renascença, José Pedro Aguiar-Branco sustentou que uma eventual reprovação da proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2025 "corresponde a uma verdadeira moção de censura".
Um aviso que o presidente do parlamento fez no dia em que o primeiro-ministro, Luís Montenegro, e o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, se reúnem pela primeira vez para tentar um consenso que viabilize a proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2025.
Interrogado pela agência Lusa se os partidos do Governo -- PSD e CDS, que formam a Aliança Democrática (AD) -- podem eventualmente sair beneficiados em caso de eleições antecipadas, o presidente da Assembleia da República alega que não pode analisar essa questão como militante ou deputado do PSD.
"Desde o dia em que fui eleito, respeito essa minha condicionante de ser presidente da Assembleia da República. Entendo que a eventual realização de eleições antecipadas vai completamente ao arrepio do que é o sentido dos portugueses. Nenhum português compreenderia, nenhum cidadão compreenderia três eleições legislativas em três anos", considerou.
Aguiar-Branco advertiu, também, que uma crise política seria "um mau sinal que os eleitos para um compromisso de quatro anos - foi esse o sentido de voto dos portugueses - dariam logo no passado seis meses não conseguindo encontrar um consenso".
"Um consenso que é o que o povo português espera neste momento. Sou muito favorável, desde há muito tempo, a consensos entre os partidos para matérias tão importantes como o Orçamento, que nos coloca num patamar de avaliação do interesse Estado acima dos interesses partidários. Há outras áreas como a justiça e a saúde que também reclamam esse tipo de consensos, naturalmente entre os dois maiores partidos - o PSD e o PS -, porque são aqueles que podem viabilizar as grandes reformas que o país precisa", especificou.
José Pedro Aguiar-Branco deixa ainda outro aviso, salientando que "a responsabilidade das opções políticas será refletida nos resultados eleitorais".
"O povo português dirá a quem vier a ser responsável por uma crise qual será o preço que pagará nas eleições. Mas quero acreditar que não vamos chegar a essa situação, porque o sentido de Estado, o superior interesse do país neste momento, creio e espero que esteja na primeira das prioridades de quem está a ter as conversas e as negociações para que o Orçamento seja aprovado", acrescentou.
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