Lisboa, 01 out 2024 (Lusa) - A associação ambientalista ANP/WWF apelou hoje para que novas barragens não sejam construídas sem análise de custos e benefícios e alertou para a urgência do restauro ecológico dos rios.
Em comunicado, no Dia Nacional da Água, a associação apelou ao Governo, empresas e sociedade civil para que "apostem no restauro fluvial e na saúde" dos rios, o que passa pela remoção de barreiras fluviais obsoletas e não construção de novas barragens sem antes ter em conta impactos ambientais.
"O restauro procura não apenas reparar ecossistemas degradados mas também assegurar que estes se auto sustentem a longo prazo. Um ecossistema saudável e resiliente será capaz de sustentar a vida selvagem, assegurar um ciclo natural da água e fornecer benefícios contínuos para as pessoas", disse citada no documento a coordenadora de Água da ANP/WWF, Maria João Costa.
A Associação Natureza Portugal (ANP) é a entidade parceira em Portugal da internacional "World Wide Fund for Nature" (WWF). No comunicado salientou também a importância de remover, além das barreiras obsoletas, fontes de poluição, recuperar margens e habitats ribeirinhos e reintroduzir plantas e animais nativos.
Maria João Costa recordou no comunicado que as espécies de água doce são as que estão em maior declínio e que a redução da biodiversidade de água doce atingiu os 83% desde 1970 e lembrou que a Lei do Restauro da Natureza da União Europeia exige que os Estados restaurem pelo menos 25.000 quilómetros de rios de curso natural na Europa até 2030.
"Não podemos continuar a ignorar a ciência. A prioridade do nosso Governo deverá ser um restauro eficaz dos nossos rios", reforçou Maria João Costa.
No Dia Nacional da Água a ANP/WWF apresentou uma ficha de factos com o título "Da Nascente até à Foz: A importância de restaurar os nossos rios" no qual sistematiza os benefícios económicos, sociais e ecológicos do restauro fluvial.
E refere por exemplo os benefícios para a saúde, porque o restauro garante maior disponibilidade de água, em qualidade e quantidade; aumenta a biodiversidade, porque melhora os habitats e permite mais nutrientes nos estuários e lezírias, melhorando a sustentabilidade dos solos e aquíferos, e portanto melhorando a produtividade agrícola, ao mesmo tempo que mitiga os impactos de secas e cheias.
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