"A operação foi comunicada às pessoas. Deu-se a possibilidade de levarem os seus pertences, sem qualquer limitação", afirmou a vereadora dos Direitos Humanos e Sociais da Câmara de Lisboa, Sofia Athayde, que falava na reunião da Assembleia Municipal de Lisboa, durante um período de perguntas e respostas relativas às freguesias da capital.
O executivo municipal de Lisboa, presidido por Carlos Moedas (PSD), foi questionado sobre a operação que decorreu na sexta-feira junto à igreja dos Anjos, na freguesia de Arroios, que culminou no realojamento de 55 pessoas que se encontravam ali a pernoitar em tendas.
O anúncio da ação foi feito no sábado pelo presidente da Câmara Municipal de Lisboa, durante uma intervenção nas comemorações da Implantação da República.
Nos esclarecimentos dados esta tarde aos deputados municipais, Sofia Athayde referiu que se tratou de "uma operação extraordinária", que envolveu o apoio de várias entidades, nomeadamente da Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), a Santa Casa da Misericórdia, a Segurança Social, a Junta de Freguesia de Arroios, a PSP e a Comunidade Vida e Paz.
"Não resolvemos a situação? Somos presos por ter cão e por não ter. Há intenção de usar a vulnerabilidade destas pessoas?", disse a autarca.
Sofia Athayde sublinhou que a Câmara Municipal de Lisboa "tem como missão acolher estas pessoas e devolver o espaço à população de Arroios, lembrando ainda a "complexidade" deste apoio, uma vez que muitas das pessoas que foram realojadas "não têm a sua situação documental regularizada".
Numa resposta escrita enviada à agência Lusa na segunda-feira, a Câmara de Lisboa explicou que "todos os realojados foram transportados num autocarro com as suas bagagens" e que foram guardados os "haveres pessoais de pessoas que se encontrariam a viver no local, mas que estavam a trabalhar ou ausentes, para posterior entrega".
A Câmara de Lisboa assegurou ainda que as condições dadas às pessoas que foram realojadas "são condignas", encontrando-se a pernoitar "em locais com acesso a duche e divisão de género".
"Um dos critérios de escolha desses locais foi o da proximidade de transportes públicos e de todos os equipamentos sociais de apoio aos realojados, nomeadamente de fornecimento de alimentação", explicou o município, acrescentando que todas as pessoas retiradas do jardim da Igreja dos Anjos terão um acompanhamento social "contínuo e individualizado".
A autarquia sublinhou também que a ação de sexta-feira junto à igreja dos Anjos se enquadra "num trabalho que vem sendo desenvolvido no local, tendo já anteriormente encaminhado cerca de 30 pessoas em situação de sem-abrigo para "várias respostas de alojamento temporário".
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