Em declarações à Lusa, Jorge Novo, da Associação dos Lesados do Papel Comercial do BES, disse há provas e documentos que atestam que essa provisão foi criada e transitou para o Novo Banco, tendo Ricardo Salgado e o seu primo José Maria Ricciardi confirmado já, em anteriores declarações, que tal provisão foi criada e transitou para o Novo Banco.
O mesmo responsável relatou ainda que essa provisão "foi desaparecendo" e os lesados suspeitam que o Novo Banco utilizou as verbas para "fazer a cobertura das imparidades de 'senhores' que não pagaram os milhões" que deviam ao BES e cujas dívidas foram parar ao Novo Banco.
Questionado como é que os lesados tencionam resolver o problema, designadamente se admitem recorrer aos tribunais ou fazer queixa ao Ministério Público, Jorge Novo vincou tratar-se de "uma questão política, pois são os governantes que têm de resolver o problema".
O mesmo lesado salientou que, nos "tribunais está tudo zero, não dá nada" e que da sua parte "não dará um cêntimo para que os advogados" tratem do caso, reiterando que nada se resolve através dos tribunais e da justiça portuguesa.
Jorge Novo revelou que já teve 52 reuniões com grupos parlamentares e outras seis reuniões na Presidência da República e que até agora ninguém interveio para solucionar o problema dos lesados do papel comercial.
Jorge Novo, que à semelhança dos restantes lesados exige o dinheiro investido de volta, diz esperar que o atual Governo "resolva da situação".
O julgamento do caso BES/GES acontece 10 anos após o colapso do Grupo Espírito Santo (GES), num caso com mais de 300 crimes e 18 arguidos, incluindo o ex-banqueiro Ricardo Salgado.
Atualmente com 80 anos, o ex-banqueiro foi o principal rosto do Grupo Espírito Santo (GES) e liderou durante mais de duas décadas o BES, até ser forçado a sair da presidência da instituição por pressão do Banco de Portugal, em junho de 2014. Dois meses depois, em agosto, foi anunciada a resolução do BES, seguindo-se o colapso de um grupo presente em quase todos os setores da economia.
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