BES. António Ricciardi diz que "havia uma intenção" de manipular contas

O visionamento de uma inquirição em que o antigo presidente do conselho superior do Grupo Espírito Santo, António Ricciardi, fala de uma "intenção" do ex-banqueiro Ricardo Salgado de manipular contas dominou hoje a sessão de julgamento do processo BES/GES.

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Lusa
17/10/2024 13:02 ‧ 17/10/2024 por Lusa

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Nesse interrogatório, realizado em 2015 pelo Ministério Público, António Ricciardi (que morreu em 2022) revelou, entre outros pontos, que o contabilista do Grupo Espírito Santo (GES), Machado da Cruz, lhe confidenciou que tinha recebido indicações do ex-presidente do BES, Ricardo Salgado, para manipular as contas a partir de 2008.

 

O procurador José Ranito questionou António Ricciardi sobre se alguma vez Ricardo Salgado tinha dito que manipulava as contas, tendo na resposta declarado que não. No entanto, o magistrado do Ministério Público insistiu se haveria essa intenção, tendo o antigo presidente do conselho superior do GES afirmado que, "garantidamente, havia uma intenção".

António Ricciardi explicou também que o endividamento significativo em 2014 da sociedade Espírito Santo Irmãos, também arguida em julgamento, não foi discutido, sublinhando que era uma situação "entre Ricardo Salgado e José Castella", ex-controlador financeiro do GES, da qual ele estava "completamente por fora".

No depoimento então prestado, António Ricciardi precisou que a conversa com Machado da Cruz, arguido no julgamento, teve lugar na sua casa em 2014.

António Ricciardi alegou que só teve noção do que tinha acontecido com as contas numa reunião realizada em 2013, em que apareceu nas contas um buraco de muitos milhões.

O antigo presidente do conselho superior do Grupo Espírito Santo (GES) argumentou que até então tinha mantido a confiança em Ricardo Salgado.

António Ricciardi justificou que muitos dos documentos por si assinados tinham sido levados para assinar por José Castella, naquilo que seria uma formalidade dentro do grupo, já que este trazia os documentos relativos às instruções dadas por Ricardo Salgado.

No interrogatório de hora e meia, António Ricciardi manifestou a convicção de que todos os assuntos do BES/GES eram decididos por Ricardo Salgado.

O antigo presidente do BES, Ricardo Salgado, é o principal arguido do caso BES/GES e responde em tribunal por 62 crimes, alegadamente praticados entre 2009 e 2014.

Entre os crimes imputados contam-se um de associação criminosa, 12 de corrupção ativa no setor privado, 29 de burla qualificada, cinco de infidelidade, um de manipulação de mercado, sete de branqueamento de capitais e sete de falsificação de documentos.

Segundo o Ministério Público, a derrocada do GES terá causado prejuízos superiores a 11,8 mil milhões de euros.

Leia Também: Salgado "está a ser julgado numa situação em que não se pode defender"

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