A presidente do Banco Alimentar Contra a Fome, Isabel Jonet, comentou os dados revelados esta quinta-feira pela Pordata, que dão conta de que, em Portugal, os pobres estão mais pobres, afirmando que "a realidade da pobreza é intolerável". O mesmo estudo assinala que houve uma subida da taxa de risco de pobreza pela primeira vez em sete anos, ao passar de 16,4% em 2021 para 17% em 2022.
"A realidade da pobreza é intolerável. Este dia assinala precisamente aquilo que não podemos aceitar", disse, em declarações à SIC Notícias.
Sublinhando que o perfil das pessoas que pedem ajuda ou estão mesmo em situação de pobreza se alterou, Isabel Jonet considerou: "Nós, em Portugal, temos uma pobreza estrutural, severa, e é uma pobreza que não abranda. É mais ligada à idade, baixa de pensões de reforma, poucas qualificações para o mercado de trabalho".
Mas, por outro lado, a presidente da associação apontou ainda para um cenário de pobreza conjuntural, que se relaciona mais com a economia. "Aquilo a que assistimos hoje é que temos muitos trabalhadores pobres. Pessoas que têm um rendimento, por vezes dois, que trabalham muitíssimo para poder levar dinheiro para casa e pôr comida na mesa, e que, apesar disso não conseguem viver com aquilo que necessitam até ao fim do mês", salientou.
Os pobres em Portugal estão mais pobres, segundo uma análise da Pordata, que hoje destaca uma subida da taxa de risco de pobreza pela primeira vez em sete anos, ao passar de 16,4% em 2021 para 17% em 2022.
Lusa | 00:02 - 17/10/2024
Jonet referiu ainda que muitas vezes estas são pessoas "mais novas" ou com família. "Sobretudo, quem nos pede apoio são mulheres que estão em situação de monoparentalidade. Preocupa-nos muito que para além daquele que já costumávamos ajudar, o peso dos trabalhadores e crianças nos pedidos de ajuda tenham aumentado", sublinhou.
Segundo os dados conhecidos hoje, foi no grupo de crianças e jovens que a taxa de risco de pobreza mais se agravou, bem como nas famílias com crianças dependentes.
A incidência da pobreza no grupo dos desempregados, que tinha diminuído entre 2020 e 2021, voltou a subir: 3,3 pontos percentuais, face a 2021.
De acordo com a Pordata, trata-se de "uma das subidas mais elevadas da última década", com exceção do ano de pandemia.
Numa análise à evolução da pobreza e fatores associados, a Pordata sublinhou também que em 2023, Portugal viu mais do que duplicar o preço de compra das casas, comparativamente a 2015, muito acima do valor registado a nível da União Europeia, de 48%.
"Confrontando este aumento com a variação da remuneração média dos trabalhadores por conta de outrem, verificamos que, face a 2015, os salários em Portugal aumentaram 35%, muito aquém do aumento de 105% das casas", constataram os estatísticos.
Quase 40% da população vive em agregados sem capacidade para substituir mobiliário ou pagar uma semana de férias.
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