O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, vê a luz verde dada pelos Estados Unidos à Ucrânia para utilização de armas de longo alcance como um apoio que "vai mais longe" mas, ainda assim, "é limitado" e não espera uma "perda de controlo" do conflito.
"Estamos a falar de um alcance de 300 quilómetros e de alvos militares. O que significa, para quem vê de fora, que tal como noutros casos entre Israel e o Irão se teve a noção de que cada uma das partes tinha mais ou menos uma capacidade de prever que ia haver uma ofensiva da outra. Tudo o que tem existido reforça a ideia de aliança em torno da Ucrânia por parte dos Estados Unidos, do presidente Biden e por parte da União Europeia e do Reino Unido, mas, ao mesmo tempo, uma preocupação de não haver escaladas incontroláveis", explicou Marcelo, no Porto.
Sobre a resposta russa, Marcelo lembrou que "não é a primeira vez que a Rússia fala em nuclear".
"É evidente que este é um momento psicologicamente importante, são mil dias de sofrimento do povo ucraniano, vem aí um novo presidente dos Estados Unidos e vem aí um novo ciclo no Parlamento Europeu. Portanto, é um momento sensível. Normalmente estes momentos de transferência de poderes são mais intensos, com cada qual a querer tomar uma posição no terreno mais forte", acrescentou o Presidente da República.
A Casa Branca condenou a "retórica irresponsável" da Rússia após a revisão da sua doutrina nuclear alargando a possibilidade de utilização de armas atómicas, mas insistiu que tal não exige uma revisão da doutrina norte-americana.
O presidente russo, Vladimir Putin, assinou o decreto que alarga a possibilidade de utilização de armas nucleares, depois de os Estados Unidos terem autorizado Kyiv a atacar solo russo com mísseis de longo alcance fornecidos por Washington.
O ex-presidente russo, Medvedev, alertou que o país "pode-se tornar o primeiro Estado a utilizar armas nucleares se sentir uma agressão contra si e vir a sua existência ameaçada".
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