No início do ano, elementos da PSP e GNR protagonizaram vários protestos, tendo as reivindicações subido de tom com as baixas médicas apresentadas pelos polícias e a concentração espontânea junto ao Capitólio, em Lisboa, durante o debate para as eleições legislativas de 10 de março.
Manifestações em Lisboa e Porto, que foram consideradas as maiores de sempre ao reunirem mais de 20.000 elementos da PSP e da GNR, carros de patrulha parados, principalmente no comando de Lisboa, alegando os polícias que estavam inoperacionais e com várias avarias, foram outros protestos que só acalmaram com as eleições legislativas e a promessa do aumento do subsídio de risco.
Em julho, o Governo e os principais sindicatos da PSP e associações da GNR chegaram a um acordo em relação ao suplemento, que se traduziu num aumento faseado de 300 euros até 2026, passando de 100 para 400 euros.
Depois do anterior Governo socialista ter aumentado o subsídio de risco aos elementos da Polícia Judiciária, sindicatos da PSP e associações da GNR uniram-se e criaram uma plataforma para exigir um suplemento idêntico.
Mas não foi por iniciativa desta plataforma que os protestos ganharam força, mas sim de um agente da PSP, que no início de janeiro acampou em frente à Assembleia da República.
Os protestos, que foram organizados através de redes sociais, compreenderam igualmente vigílias à noite em frente ao parlamento e em várias cidades do país junto às câmaras municipais, bem como concentrações de polícias juntos às esquadras e postos.
Em fevereiro, cerca de uma centena de polícias apresentaram, quase em simultâneo, baixas médicas e faltaram ao serviço, nomeadamente ao policiamento de jogos de futebol. Apesar dos polícias não terem associado a formas de luta, o ato foi visto como um protesto concertado e levou à abertura de inquéritos pelas forças policiais, Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) e Inspeção-Geral de Atividades em Saúde (IGAS).
A PSP instaurou 10 processos de inquérito, nove dos quais foram arquivados e um foi remetido à IGAI, que ainda não concluiu os três inquéritos em investigação. A IGAS prevê para este mês de dezembro o relatório sobre a emissão de baixas aos polícias destacados para três jogos de futebol organizados pela Liga Portuguesa de Futebol nos dias 03 e 04 de fevereiro.
O ponto alto dos protestos aconteceu a 19 de fevereiro, quando centenas de polícias concentraram-se junto ao cineteatro Capitólio, onde estava a decorrer um debate entre os dois principais candidatos a primeiro-ministro nas legislativas, Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos, depois de uma manifestação que tinha juntado na Praça do Comércio cerca de 3.000 elementos da PSP e da GNR.
O Ministério Público arquivou o inquérito ao "cerco do Capitólio", nome pela qual ficou conhecida a manifestação das forças de segurança, enquanto a PSP arquivou 39 dos 43 processos disciplinares, não existindo ainda uma decisão em relação a quatro.
Depois dos polícias terem abrandado com os protestos, após o acordo alcançado com o Governo, foi a vez dos bombeiros sapadores subirem de tom nas ações de luta, tendo já sido realizadas três manifestações desde outubro com rebentamento de petardos e lançamento de tochas, além de uma ocupação da escadaria da Assembleia da República.
Sempre fardados, os bombeiros sapadores manifestaram-se pela primeira vez a 02 de outubro junto do parlamento, onde queimaram pneus, rebentaram vários petardos e ocuparam a escadaria por completo durante algumas horas, apesar da ordem policial para descerem.
Embora de forma mais calma, a 25 de novembro os sapadores voltaram a manifestar-se, desta vez junto à sede do Governo para exigir a valorização da carreira, que dizem não ser revista há mais de 20 anos, e o aumento de subsídios como o de risco.
Um novo protesto voltou a realizar-se a 03 de dezembro, também junto à sede do Governo, enquanto os dirigentes sindicais se reuniam com a tutela. Esta reunião acabou por ser suspensa pelo executivo, que alegou falta de condições devido aos petardos e fumo.
As negociações entre bombeiros sapadores e Governo estão suspensas e desconhece-se quando são retomadas.
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