Martim Moniz. Inquérito da IGAI sobre PSP é de "natureza não disciplinar"

A Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) decidiu abrir um processo administrativo "de natureza não disciplinar" sobre a operação da PSP no Martim Moniz, em Lisboa, que pretende reunir informações para análise interna, explicou hoje o organismo em comunicado.

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© Leonardo Negrão/Global Imagens

Lusa
24/12/2024 15:12 ‧ há 13 horas por Lusa

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A IGAI abriu "por sua iniciativa, um processo administrativo, com solicitação de informações à PSP sobre a referida operação", indicou o inspetor-geral da Administração Interna, juiz desembargador Pedro Figueiredo, à edição de hoje do semanário Expresso.

 

Em declarações ao semanário, Pedro Figueiredo, revelou que, até agora, a IGAI "não recebeu qualquer queixa por abuso policial ou algo similar sobre a operação especial realizada na Rua do Benformoso, em Lisboa, na última quinta-feira".

Durante a tarde de quinta-feira, um forte dispositivo policial cercou a rua do Benformoso, onde há uma grande comunidade de cidadãos do subcontinente indiano, e revistou dezenas de pessoas, que ficaram entre uma a duas horas viradas para a parede.

Dois homens, ambos de nacionalidade portuguesa, foram detidos, um por posse de arma proibida e droga e outro por suspeita de pelo menos oito crimes de roubo.

"O processo administrativo aberto pela Inspeção-Geral da Administração Interna trata-se de um processo de natureza não disciplinar e que visa reunir informação para análise interna por parte da Inspeção-Geral da Administração Interna, no âmbito da sua missão legal", pode ler-se na nota da IGAI.

O organismo refere que a abertura do processo administrativo tem como objetivo a "análise do enquadramento e contexto em que a referida operação foi determinada e teve lugar", em função das recentes "reações públicas à operação de prevenção criminal" realizada pela PSP, no Martim Moniz.

A nota esclarece igualmente que "até ao momento", a IGAI "não recebeu qualquer queixa ou participação relacionada com má prática, conduta desadequada ou desproporcional por parte da PSP no decurso da referida operação".

A ação da PSP tem sido criticada por associações de imigrantes, grupos antirracismo e várias forças políticas, que acusam a polícia de estar ao serviço da propaganda do Governo contra os cidadãos estrangeiros irregulares.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, também considerou que as ações da polícia devem ser feitas com recato.

O Comando Metropolitano de Lisboa (COMETLIS) da PSP esclareceu que na "operação especial de prevenção criminal" na freguesia de Santa Maria Maior, em Lisboa, apreendeu 435 euros em dinheiro, suspeitos de serem provenientes de atividades ilícitas.

A PSP apreendeu ainda sete bastões (madeira e ferro), 17 envelopes com fotos tipo passe suspeitas de serem para uso em atividades ilícitas, ?3.435 euros em numerário, um passaporte e diversos documentos por suspeita de auxílio à imigração ilegal, além de ?581,37 gramas de droga que se suspeita ser haxixe, uma arma branca e um telemóvel que constava como furtado.

A PSP acrescentou, num comunicado divulgado no dia em que ocorreu a operação, que naquela zona " frequentemente ocorrem situações de desordem envolvendo armas brancas e outros incidentes relacionados com ofensas à integridade física".

A operação policial foi acompanhada por uma procuradora da República e foram cumpridos seis mandados de busca não domiciliária.

Sobre os procedimentos, a porta-voz do COMETLIS, a subcomissária Ana Raquel Ricardo, explicou que uma "operação especial de prevenção criminal dá legitimidade para fazer outro tipo de diligências, nomeadamente a revista de cidadãos que se encontrem no local e revista de viaturas" que por ali circulem.

A mesma responsável referiu que o contingente empregue "foi o necessário" para uma operação deste tipo, sem, contudo, revelar o número de profissionais envolvidos.

Leia Também: IGAI abre "processo administrativo" sobre ação da PSP no Martim Moniz

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