A deputada do PS Isabel Moreira criticou, esta segunda-feira, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, por se ter afirmado "atónico" perante as críticas à "operação especial" da Polícia de Segurança Pública (PSP) no Martim Moniz, em Lisboa, durante uma entrevista ao Diário de Notícias divulgada no domingo, mas, em simultâneo, também ter confessado que, "pessoalmente", não gostou de ver as imagens.
"Luís Montenegro, por favor, está 'atónito e perplexo' com as críticas à operação policial no Martim Moniz ou é 'muito honesto' e 'pessoalmente' não gostou de ver? Ou as duas coisas são compatíveis? Se calhar é isso. Acha bem aquela humilhação, mas não é de ficar a ver. É isso?", questiona Isabel Moreira no X (ex-Twitter).
@LMontenegropm , por favor, está “atónito e perplexo” com as críticas à operação policial no Martim Moniz ou é “muito honesto” e “pessoalmente” não gostou de ver? Ou as duas coisas são compatíveis? Se calhar é isso. Acha bem aquela humilhação, mas não é de ficar a ver. É isso?
— Isabel Moreira (@IsabelLMMoreira) December 30, 2024
Na entrevista, Montenegro admitiu que não gostou de ver as polémicas imagens com as pessoas encostadas à parede, de mãos ao alto, sob supervisão da polícia.
"No sentido visual, não gostei de ver. É uma situação anómala, que não é o dia a dia. Mas devo dizer outra coisa, com a mesma honestidade: lembro-me de ter visto muitas mais imagens daquelas. Até noutro tipo de operação policial, de rusgas, nomeadamente, com fenómenos ligados à noite, discotecas que foram alvo de rusgas em que as pessoas, normalmente miúdos e miúdas, jovens, saíram e tiveram que fazer o mesmo que estas pessoas", explicou Montenegro.
O governante afirmou ainda que Portugal deve olhar para os imigrantes que procuram o país "como novos portugueses".
Dois homens foram detidos na sequência desta operação, um por posse de arma proibida e droga e outro por suspeita de pelo menos oito crimes de roubo.
A ação da PSP tem sido criticada por associações de imigrantes, grupos antirracismo e várias forças políticas, que acusam a polícia de estar ao serviço da propaganda do Governo contra os cidadãos estrangeiros irregulares.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, também considerou que as ações da polícia devem ser feitas com recato.
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