Descoberta espécie de moreia que vive na lama da foz dos rios

Investigadores descobriram uma nova espécie de moreia, castanha e delgada, que vive na foz escura e lamacenta dos rios, ao contrário da maioria das moreias que são marinhas, em vários países do Indo-Pacífico central.

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© Reprodução / Dr. Wen-Chien Huang

Lusa
02/01/2025 14:23 ‧ há 2 dias por Lusa

Mundo

Moreia

A nova moreia (Uropterygius hades) foi batizada de Hades, o deus do submundo na mitologia grega, devido ao seu 'habitat' único, ao comportamento escavador, à alta sensibilidade à luz e à sua cor escura, tendo sido encontrada no sul do Japão, Taiwan, Filipinas, sul de Java (Indonésia) e Fiji.

 

Cientistas da Universidade Nacional Sun Yat-sen, em Taiwan, da Universidade das Filipinas Ocidentais e o ictólogo Yusuke Hibino, do Museu de História Natural de Kitakyushu, no Japão, descrevem a nova espécie num artigo publicado em dezembro na revista científica ZooKeys, segundo a agência noticiosa privada espanhola Europa Press.

Das cerca de 230 espécies conhecidas de moreias em todo o mundo a maioria vive em ambientes marinhos e apenas uma espécie passa a maior parte da sua vida em água doce. Embora algumas espécies marinhas, como a moreia gigante (Strophidon sathete), possam tolerar e ocasionalmente entrar em ambientes de baixa salinidade, como a foz dos rios, as moreias especificamente adaptadas aos 'habitats' estuarinos são extremamente raras.

Num tanque, a Uropterygius hades mostrou um comportamento de escavação com a cauda, o que raramente é visto em moreias, tentando constantemente esconder-se da luz.

Os seus olhos pequenos (que se pensam serem uma adaptação a ambientes com pouca luz) e o número reduzido de poros sensoriais na sua cabeça (para evitar a obstrução pela lama) sugerem que esta espécie pode ser uma excelente escavadora, uma vez que depende principalmente da quimiorrecepção (sensibilidade a estímulos químicos), em vez da visão, para detetar presas ou evitar predadores.

A nova moreia foi descoberta por acidente, quando três cientistas da Universidade Nacional Sun Yat-sen investigavam a caverna fluvial subterrânea de Puerto Princesa, nas Filipinas, para estudar a fauna e tentar encontrar uma espécie de enguia das cavernas, a Uropterygius cyamommatus, o que não conseguiram.

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