"Estou confiante de que as relações bilaterais, às quais demos uma excelente base, continuarão a florescer", considerou Randi Charno Levine.
A embaixadora falava à agência Lusa à margem de uma cerimónia que decorreu hoje no Ministério da Defesa Nacional, em Lisboa, e que assinalou a adesão de Portugal ao "U.S. National Guard Bureau's State Partnership Program", um programa da Guarda Nacional dos EUA, que envolve mais de uma centena de parceiros a nível internacional.
Randi Charno Levine, que foi nomeada para as atuais funções em 2022 pelo Presidente dos EUA cessante, Joe Biden, já anunciou que vai renunciar ao cargo que ocupa no próximo dia 19, véspera da posse do republicano Donald Trump, Presidente eleito.
Interrogada sobre que expectativa tem quanto às relações entre os dois países sob a nova administração norte-americana, a diplomata começou por enumerar e enaltecer vários projetos de cooperação militar realizados recentemente e os progressos alcançados nos últimos três anos, definindo o trabalho da sua equipa como "intencional, bem-sucedido e sustentável".
"Fizemos grandes progressos em áreas como as energias renováveis e a cooperação em matéria de Defesa. O governo aproveitou a oportunidade para mostrar que está a cumprir a promessa de Gales num período de tempo mais curto", afirmou, referindo-se à meta de atingir 2% do Produto Interno Bruto em despesas militares fixada em 2014, que o atual Governo português antecipou em um ano para 2029, e que vários responsáveis internacionais, incluindo Trump ou o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, consideram insuficiente no contexto atual.
A diplomata considerou que Portugal e os EUA fizeram "grandes progressos em conjunto" e considerou ter lançado "uma base muito sólida para as relações bilaterais" futuras.
"Digo sempre que estou a trabalhar nas mesmas questões que o meu antecessor, que foi George Glass sob a administração Trump, que conheço muito bem, estava a trabalhar e fez progressos. Passou-os para mim. (...) Fizemos grandes progressos e vamos transmiti-los, através do apoio da equipa, ao próximo embaixador, que espero que continue a fazer progressos em muitas das mesmas questões", acrescentou.
Levine foi nomeada embaixadora em Portugal pelo Presidente Joe Biden em novembro de 2021, e assumiu funções em abril de 2022.
Antiga comissária na Galeria Nacional de Retratos do Smithsonian, em Washington, capital dos EUA, e curadora no Centro Internacional Meridian, no qual presidiu ao Centro Meridian para Diplomacia Cultural, Randi Levine também é membro do Conselho de Relações Exteriores (CFR).
Formou-se em Jornalismo na Universidade de Missouri-Columbia e é uma autora publicada.
O republicano Donald Trump venceu as eleições em novembro, ao derrotar a democrata e vice-presidente Kamala Harris, e assumirá funções em 20 de janeiro.
Trump defendeu este mês que a contribuição dos Estados-membros da NATO deveria corresponder a 5% dos respetivos produtos internos brutos (PIB), mais do dobro dos atuais 2%.
Na mesma linha, na segunda-feira, no Parlamento Europeu, o secretário-geral na NATO considerou "insuficiente" que dois terços dos membros da Aliança Atlântica invistam mais de 2% do seu PIB em defesa, pedindo para se "gastar mais para impedir a guerra".
De acordo com o Governo, Portugal só atingirá os 2% daqui a quatro anos. O primeiro-ministro, Luís Montenegro, e o ministro da Defesa, Nuno Melo, já admitiram, contudo, que este valor poderá ter que ser revisto.
Leia Também: Melo destaca "excelentes relações" com Estados Unidos