"Aquilo que eu aconselho é que se espere, e não se tome a primeira declaração, ou de mais efeito especulativo, como a última. Entre a primeira e a última há sempre algum tempo", declarou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, em Praga.
No fim da sua visita oficial à República Checa, o chefe de Estado foi questionado sobre a proposta do Presidente norte-americano de retirada de todos os palestinianos de Gaza, para serem realojados noutro lugar, e de controlo do território pelos Estados Unidos da América.
Na resposta, Marcelo Rebelo de Sousa começou por referir que "em relação a isso já há notícias novas.
Depois, lembrou que recentemente considerou, a propósito da Gronelândia, que "o que interessava não era ouvir a primeira intervenção" de Donald Trump, mas "ir ouvindo as várias intervenções".
Quanto a Gaza, o Presidente da República realçou que "hoje o secretário de Estado, Marco Rubio, já veio dar uma versão diferente, tentando explicar que não houve a ideia de ofender ninguém, nem dizer exatamente aquilo, que tinha sido mal interpretado".
Interrogado se a regra para lidar com Donald Trump é não interpretar literalmente o que Presidente norte-americano diz, respondeu: "Não há nada como ao fim de dois mandatos conhecer uma personalidade e, portanto, tomar isso em linha de conta nas interpretações".
As declarações de Donald Trump sobre Gaza foram feitas na terça-feira, tendo ao seu lado o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, com quem se reuniu na Casa Branca, em Washington.
Na quarta-feira, em conferência de imprensa conjunta com o Presidente checo, Petr Pavel, em Praga, Marcelo Rebelo de Sousa não falou de Gaza, mas em termos gerais rejeitou que se normalize violações repetidas do direito internacional, a propósito da segurança na Europa.
Nessa ocasião, sobre a Gronelândia, notou que "há uma diferença" entre o que o Presidente norte-americano foi dizendo, nas primeiras, segundas e terceiras declarações e "o que se soube da conversa com a primeira-ministra da Dinamarca".
Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que é preciso manter diálogo permanente com a administração norte-americana, afirmou que não se deve "dramatizar excessivamente aquilo que não merece ser dramatizado", mas também frisou a mensagem de que "não há aliados às fatias".
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