União de freguesias em Seia considera que veto de Marcelo é "uma manobra"

O presidente da União de Freguesias de Santa Marinha e São Martinho, no concelho de Seia, considera que o veto do Presidente da República à desagregação de freguesias confirma que o processo é "uma manobra, um subterfúgio".

Notícia

© CM Seia

Lusa
13/02/2025 19:12 ‧ há 3 horas por Lusa

País

Freguesias

Em declarações à agência Lusa, Jorge Rafael Abreu, eleito do PS numa das duas únicas uniões de freguesias a desagregar no distrito da Guarda e que ficam ambas em Seia, lamenta o desfecho. 

 

"Cada vez mais o cidadão comum vai desacreditando da política porque hoje diz-se uma coisa, amanhã outra e depois faz-se outra. Valia mais nem sequer mexer no que estava porque parece que andamos a brincar às politiquices", critica o jovem autarca. 

Para Jorge Rafael Abreu, exemplo da "instabilidade" deste processo é o que sucedeu com a União de Freguesias a que preside desde 2021.

"Inicialmente não tínhamos condições para nos desagregar, passado uma semana já tínhamos, depois surgiram dúvidas e, já na Assembleia da República, tivemos a felicidade e a sorte da proposta ter sido aprovada. Ontem, tivemos o veto do Presidente da República, falta saber o que mais irá ainda acontecer". 

Na sua opinião, "ou há uma decisão muito concreta, e as coisas funcionam, ou nem vale a pena reverter a lei. Até mesmo para nós, autarcas, não é fácil medir estas oscilações porque hoje dizemos uma coisa às populações e amanhã é outra".

O autarca acrescenta que o veto presidencial "já era percetível" porque "isto está tudo muito conjugado em termos políticos".

Ou seja: "É uma manobra. Foi muito bonito, por exemplo, o PSD votar a lei que propunha a extinção de freguesias e que agora valia a pena reverter o processo, porque estamos à beira das autárquicas. Mas, em termos políticos, estão todos muito conjugados no que era para vetar. É um subterfúgio", alega o presidente da União de Freguesias de Santa Marinha e São Martinho. 

Jorge Rafael Abreu lembra que o parlamento ainda pode manter a decisão, mas diz ter "sérias dúvidas" que o processo de desagregação se concretize antes das eleições. 

"As comissões de extinção deveriam arrancar em março, estamos a aproximar-nos a passos largos das autárquicas e não acredito que este processo seja revertido até lá", afirma.

Contudo, Jorge Rafael Abreu está otimista: "Isto vai continuar como está até às autárquicas, mas depois acredito que a desagregação possa vir a ser uma realidade e, quem sabe, até poderemos ter eleições intercalares". 

Até lá, "cá estaremos para continuar a trabalhar e o que os decisores políticos definirem é aquilo que, felizmente ou infelizmente, teremos que levar por diante", conclui o recandidato à presidência da União de Freguesias de Santa Marinha e São Martinho. 

Apesar das várias tentativas, a agência Lusa não conseguiu falar com Paulo Pina, presidente da União de Freguesias de Seia, São Romão e Lapa dos Dinheiro, a outra autarquia local a desagregar no concelho de Seia.

O parlamento aprovou em 17 de janeiro a reposição de 302 freguesias por desagregação de 135 uniões de freguesias criadas pela reforma administrativa de 2013.

O Projeto de Lei teve os votos a favor dos proponentes PSD, PS, BE, PCP, Livre e PAN, e ainda do CDS-PP, o voto contra da Iniciativa Liberal e a abstenção do Chega.

Na quarta-feira, o Presidente da República vetou o diploma, duvidando da "capacidade para aplicar as consequências do novo mapa já às eleições autárquicas de setembro ou outubro deste ano, daqui a pouco mais de seis meses".

O chefe de Estado apontou ainda "a falta de compreensão ou transparência pública do processo legislativo" e considerou que a desagregação de freguesias determinada por este decreto é "contraditória com a linha dominante, inspirada pelas instituições europeias".

Caso a Assembleia da República confirme o texto do diploma por maioria absoluta dos deputados, o Presidente da República tem, obrigatoriamente, de promulgar o diploma no prazo de oito dias a contar da sua receção (art.º n.º 136 da Constituição da República Portuguesa).

Leia Também: Junta de Ferreira-a-Nova considera veto presidencial um desrespeito

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas