O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, recebe esta segunda-feira o doutoramento 'honoris causa' no Recife, no Brasil. Durante a visita foi questionado sobre vários temas, nomeadamente, acerca do sismo que se sentiu na Grande Lisboa ao início da tarde.
"Logo que ele aconteceu recebi a informação do primeiro-ministro, imediata, com o primeiro relatório preliminar, identificando qual era a localização do epicentro, a intensidade, 4,7 na escala de Richter como sabem, e que até àquele momento não havia registo de danos pessoas ou significativos", referiu aos jornalistas.
Sublinhando que as últimas informações que recebeu iam "no mesmo sentido", Marcelo apontou que o abalo foi sentido em Belém e na Grande Lisboa. "Mas, felizmente, pode querer dizer uma boa notícia, que é: pode querer dizer que há uma grande diferença entre outros sismos - pequenos - e outros anteriores de que me recordo. Tem havido mais cuidado na construção em geral, mesmo quando não é um cuidado especificamente virado para a componente sísmica", afirmou, sublinhando que os efeitos foram "muito reduzidos".
Questionado sobre se é preciso olhar para a questão dos sismos de forma mais atenta, Marcelo referiu que sim, mas apontando: "Hoje Portugal tem uma escola de especialistas em matéria sísmica muito boa".
"Tem havido reuniões internacionais, tem havido estudos. Eu penso que isso é uma preocupação que deve acompanhar sempre aqueles que lidam com uma realidade que, embora em termos diferentes do passado, pode eventualmente ser uma realidade a ponderar no futuro e a acontecer no futuro", completou.
Já quanto à política nacional, o Presidente da República afirmou que soube hoje ao acorda que já havia votação para inviabilizar uma eventual moção de censura do Chega ao Governo PSD/CDS-PP.
Embora recusando "comentar iniciativas partidárias e posições partidárias", Marcelo Rebelo de Sousa enquadrou a apresentação de moções de censura no normal funcionamento da democracia.
"A democracia faz-se desse funcionamento, há um partido que entende apresentar ou não a moção de censura, outros partidos vão dizendo que vão votar contra e, portanto, inviabilizam a moção de censura. Mas isso faz parte da vida partidária com projeção parlamentar", considerou.
"Muito do que existe no mundo não existiria sem a Europa"
Marcelo foi também questionado acerca da cimeira em Paris, onde o presidente do conselho Europeu, António Costa, vai marcar presença, assim como outros líderes europeus. No dia em que a Rússia e os Estados Unidos anunciaram que se vão encontrar amanhã, em Riade, na Arábia Saudita, para discutir a paz na Ucrânia (sem representação ucraniana), Marcelo sublinhou a importância do continente.
"Não gostaria de estar a formular desejos, mas o que me parece evidente é o seguinte: o mundo sem a Europa é mais pobre. A balança de poderes sem Europa não fica tão equilibrada", afirmou, quando questionado sobre o encontro em Paris.
Marcelo fez ainda questão de sublinhar que a Europa deve estar presente e não ser descartada, mesmo perante a existência de acordos entre as chamadas "maiores potências", por "melhores que sejam". Notando que não estava a falar de armamento, Marcelo apontou que a Europa no "total contribuiu mais do que o parceiro norte-americano" no âmbito da defesa e da guerra no Leste Europeu.
"Isso implica, naturalmente, que a Europa esteja presente, seja considerada, tenha uma voz ativa, que não seja tratada de pouca coisa. Muito do que existe no mundo não existiria sem a Europa", reforçou.
Marcelo foi também questionado sobre a ausência de Portugal na cimeira em Paris, defendendo que estarão representados os cinco maiores Estados no sentido de serem "maiores economias".
"Nós, portugueses, somos fiéis aos nossos aliados, fiéis aos nossos parceiros e fiéis aos nossos amigos. Gostamos que os nossos aliados, parceiros e amigos sejam fiéis em relação a nós. Nós, portugueses e nós, europeus", alertou.
Marcelo Rebelo de Sousa será recebido, na terça-feira, pelo presidente do Brasil, Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que ao fim do dia lhe oferecerá um banquete de Estado, no Palácio Itamaraty.
Durante a tarde, Marcelo Rebelo de Sousa terá também encontros no Senado Federal, na Câmara dos Deputados e no Supremo Tribunal Federal.
Antes do banquete de Estado, haverá a cerimónia entrega do Prémio Camões de 2024 à poeta brasileira Adélia Prado, com intervenções de Marcelo Rebelo de Sousa e Lula da Silva.
O primeiro-ministro português, Luís Montenegro, estará nestes dois pontos últimos do programa do Presidente da República.
Na quarta-feira, dia em que Marcelo Rebelo de Sousa estará de regresso a Portugal, será Luís Montenegro a reunir-se com Lula da Silva, durante a 14.ª Cimeira Luso-Brasileira, à qual levará 11 dos 17 ministros do Governo PSD/CDS-PP, seguindo depois de Brasília para São Paulo, para um fórum económico.
h[Notícia atualizada às 17h15]
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