"A sua vida, a sua mensagem, o seu contributo, esses estão muito para lá ou acima dos feitos desportivos. Foi um lutador convicto em defesa do Porto e da região, numa visão muito critica do centralismo que tolhe o desenvolvimento de Portugal", afirmou o presidente da Assembleia Municipal, Sebastião Feyo, que leu o voto de pesar subscrito pelas forças políticas.
No voto, os deputados municipais destacam ainda a "notável visão estratégica" do antigo presidente do FC Porto, que "deixa uma obra desportiva monumental a que ninguém fica indiferente em Portugal", mas também a sua luta pela justiça social e o "homem de cultura".
"Pugnou por justiça social, com contributos no terreno em defesa dos desfavorecidos, de que a sua ligação de muitos anos ao coração da cidade é exemplar. Foi um homem de cultura, ademais com uma memoria prodigiosa, tendo protagonizado momentos extraordinários como declamador", acrescentou o presidente da Assembleia Municipal.
Pelo PSD, Rodrigo Passos destacou que Pinto da Costa "não foi apenas o presidente mais titulado no futebol mundial, mas um grande embaixador do Porto, projetando a cidade além-fronteiras".
"O seu legado ultrapassou o desporto", assinalou, lembrando ainda o antigo dirigente como "um dos principais rostos contra o centralismo" e um símbolo da "resiliência e determinação portuense".
Também o deputado José Maria Montenegro, do movimento independente "Rui Moreira, Aqui Há Porto", destacou vastas características do antigo líder do FC Porto e recordou Pinto da Costa como "o portuense dos portuenses".
"A partida de Pinto da Costa traz à memória uma forma de estar na cidade que não é fácil de traduzir e gerir", assinalou.
Pelo PAN, o deputado Paulo Viera de Castro lembrou o quanto Pinto da Costa era "um grande amigo dos animais".
Já o socialista Agostinho Sousa Pinto lamentou que a sessão da Assembleia Municipal não tenha sido adiada "por respeito à memória" de Pinto da Costa.
A cidade do Porto cumpre hoje um dia de luto municipal pela morte do ex-presidente do FC Porto.
O ex-presidente do FC Porto Pinto da Costa, que se estabeleceu como dirigente mais titulado e antigo do futebol mundial, entre 1982 e 2024, morreu no sábado, aos 87 anos, vítima de cancro.
Pinto da Costa tinha sido diagnosticado com um cancro na próstata em setembro de 2021 e agravou o seu estado de saúde nas últimas semanas, menos de um ano depois da derrota para a presidência do clube, frente a André Villas-Boas.
Empossado pela primeira vez em 23 de abril de 1982, seis dias depois de ter sido eleito, sem oposição, como sucessor de Américo de Sá, o ex-dirigente exerceu funções durante 42 anos e 15 mandatos consecutivos, levando o FC Porto à conquista de 2.591 títulos em 21 modalidades - 69 dos quais no futebol sénior masculino, incluindo sete internacionais.
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