O primeiro-ministro, Luís Montenegro, e o dono do grupo Solverde, Manuel Violas, estiveram no mesmo torneio de golfe no Porto, no passado dia 23 de fevereiro, apenas dois dias após a votação da moção de censura, apresentada pelo Chega, no Parlamento, confirmou o Polígrafo.
A informação consta do site do Clube de Golfe dos Economistas, que indica que "entre os 104 jogadores participantes" destaca-se a presença do "Dr. Luís Montenegro, o primeiro-ministro de Portugal, o Dr. Manuel Violas, chairman do Grupo Unicer e o Dr. Manuel Silva Carvalho, presidente do Oporto Golf Club".
Recorde-se que a 21 de fevereiro, a Assembleia da República votou uma moção de censura, apresentada pelo Chega, depois de ter sido noticiado que a família do primeiro-ministro era dona de uma empresa que tinha como uma das atividades a compra e venda de imóveis, numa altura em que o Governo estava a rever a Lei dos Solos, com possível impacto na valorização de terrenos e casas.
A informação juntou-se a outras notícias de empresas e património detidos por membros do Governo na área do imobiliário.
Durante o debate, o secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, questionou sobre a ligação da empresa da família de Montenegro, a Spinumviva, ao grupo Solverde, proprietário de casinos e hotéis. "Sou amigo pessoal dos acionistas dessas empresas, por isso estarei sempre inibido e imponho-me inibição total de intervir em qualquer decisão que impacto com essa empresa em particular, e com todas aquelas com quem estiver ligado por relações familiares ou de amizade ou razões profissionais", respondeu o primeiro-ministro no Parlamento, não revelando, no entanto, que estes eram seus clientes.
Já no final da semana passada, o jornal Expresso noticiou que a empresa da família de Luís Montenegro recebia uma avença mensal de 4.500 euros do grupo Solverde por "serviços especializados de 'compliance' e definição de procedimentos no domínio da proteção de dados pessoais".
Montenegro faltou à Conferência de Apoio à Ucrânia para participar no torneio de golfe?
Nas redes sociais são também vários os utilizadores que questionam se o primeiro-ministro terá falhado Conferência de Apoio à Ucrânia a 24 de fevereiro, dia em que se assinalou o terceiro aniversário da invasão russa, para poder estar presente no torneio de golfe.
Na altura, o gabinete de imprensa do primeiro-ministro adiantou à Renascença que em causa estariam "questões de agenda", apesar de o chefe de Governo não ter agenda pública para o dia em que deveria estar em Kyiv.
“Questionado sobre a razão da ausência do primeiro-ministro em Kyiv, no dia em que se assinalam os 3 anos de guerra, o gabinete de imprensa do primeiro-ministro justifica-se à Renascença com "questões de agenda". Montenegro, contudo, não tem qualquer agenda pública prevista esta… pic.twitter.com/yLAKGpuHub
— Inês João Rodrigues (@inesjfrodrigues) March 4, 2025
Nunca pensei que Montenegro fosse descer tão baixo
— Ricardo Moreira (@ricardosmoreira) March 4, 2025
Devia ter estado em Kyiv com os outros líderes europeus
Estava em Espinho a jogar golf com o senhor que lhe pagava uma avença de 4500€
A questão já não é o PR, é: não há ninguém no PSD que tenha a coragem de dizer o óbvio pic.twitter.com/8KHeoxHScK
Montenegro esteve no dia 23 de Fevereiro num torneio de Golf com o amigo acionista da Solverde.
— Ricardo Ferreira (@Ricardofer102) March 4, 2025
No entanto, faltou à cimeira em Kyiv para assinalar os 3 anos da invasão da Ucrânia, que ocorreu no dia seguinte.
Afinal os "compromissos" era mesmo só Golf.https://t.co/VBCkQb8uv6
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