"A resposta está aqui", disse Paulo Raimundo, que falava aos jornalistas durante um espetáculo do rapper português Slow J., um dos pontos altos das comemorações do 25 abril, a que assistiram milhares de pessoas, principalmente jovens, no Largo José Afonso, em Setúbal.
"A única coisa que o Governo conseguiu decidir, de facto, foi o cancelamento do concerto de Tony Carreira em São Bento. De resto, o povo está na rua. O Governo alega os três dias de luto e a morte do Papa Francisco, mas, conhecendo o pensamento do Papa Francisco, se há coisa que ele nos obrigaria a fazer, se estivesse connosco, era a festejarmos a liberdade que o povo conquistou com as suas mãos. Não tenho nenhuma dúvida sobre isso", disse Paulo Raimundo.
O secretário-geral do PCP defendeu ainda que as comemorações do 25 de abril "constituem uma forma indireta de homenagear essa figura de grande importância que foi o Papa Francisco".
Referindo-se à decisão do Governo de pedir a Bruxelas para que seja acionada a cláusula de salvaguarda, excetuando das regras orçamentais europeias, designadamente da contabilização para efeitos de défice, investimentos a realizar em Defesa nos próximos anos, Paulo Raimundo advertiu que os portugueses vão ter de pagar essas despesas mais cedo ou mais tarde.
"O Governo, no Conselho de Ministros, decidiu que cada um de nós vai ter de se empenhar, vai ter de pagar, vai ter que contrair dívida, para abastecer os armazéns da Nato e do Complexo Industrial Militar. E vai obrigar-nos a comprar aquilo que nós não precisamos para uma guerra que só sustenta os lucros desse Complexo Militar", disse Paulo Raimundo.
"Nós conhecemos toda essa história, nunca conta para o défice. Do ponto de vista contabilístico e do Excel funciona tudo, mas a conta vem sempre para os mesmos. Nós sabemos que foi assim na crise imobiliária, foi assim na pandemia, foi em todas. Pode não vir agora, do ponto de vista contabilístico, mas a conta vem sempre, mais tarde ou mais cedo, não é aos bolsos, é à conta dos mesmos", sublinhou o líder comunista.
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