"É todo um conjunto de ações coordenadas tendo em vista acabar com uma ameaça que eu tenho chamado de natureza civilizacional. Isto é, é uma ameaça que representa o pior da civilização do passado, da Idade Média mais escura, mais negra. Portanto, o mundo, a atual civilização, tem o dever de contrariar esse regresso às origens piores que o Homem tem e de respeitar os valores humanos e os progressos em direitos que fomos conquistando através dos séculos", defendeu.
O ex-chefe do Estado-Maior do Exército falava à Agência Lusa após questionado sobre o plano anunciado quarta-feira pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, para "destruir" o grupo extremista Estado Islâmico, que atua na Síria e no norte do Iraque.
O plano anunciado por Barack Obama prevê ataques aéreos sistemáticos na Síria, o reforço da campanha em curso no Iraque para "destruir" o grupo radical sunita, a perseguição em qualquer parte do mundo dos membros do EI e a criação de uma coligação internacional, que deverá ganhar forma a tempo da próxima Assembleia-Geral das Nações Unidas prevista para o final deste mês.
Para além das ações militares previstas, Loureiro dos Santos destacou que haverá uma "repartição de trabalho estratégico" entre vários países.
"O que se vai passar é uma ação conjugada em que participam os países árabes da região, a Arábia Saudita, o Irão, a Jordânia, a Turquia. É curioso que o aparecimento do Estado Islâmico uniu países que têm profundas divergências e estão permanentemente de costas voltadas, no Médio Oriente, mas consideram que a ameaça é tão grave que se vão unir para fazer face a essa ameaça", disse.
"Há todo um conjunto de atividades, não são apenas ações militares que resolvem o problema", disse, destacando o objetivo de "reduzir a capacidade de atração dos jovens, desenraizados, de segundas e terceiras gerações, que seguem o apelo da `sharia´ (lei islâmica) e estão a deslocar-se para esses movimentos", disse.
Loureiro dos Santos considerou que "até agora a União Europeia" não tem tido um "papel relevante" em termos de Segurança e Defesa, porque os países europeus "não gostam muito de aplicar dinheiro em meios militares".
"Chegámos a uma situação em que praticamente os americanos mendigam aos europeus que aumentem as suas despesas militares para haver uma repartição de encargos relativamente justa", observou, destacando que a NATO continua a ser "o escudo de Segurança da Europa".