O ex-chefe do Estado Maior da Armada, Henrique Gouveia e Melo, alertou, esta quinta-feira, que não será um “salvador”, ao mesmo tempo que salientou que quem o encara dessa forma deverá votar “noutro milagreiro qualquer”, caso entre na corrida a Belém.
“Não sou adepto de uma revolução, já não tenho idade para ser revolucionário. Sou adepto de uma evolução e a evolução só é feita com todos nós. Não estou a dizer que vá concorrer à Presidência, mas se pensarem que, votando em mim, não precisam de fazer nada, porque os vossos problemas vão ser resolvidos por aquele milagreiro que vai assumir a Presidência, não votem em mim, por favor”, advertiu, num almoço debate promovido pelo International Club of Portugal, em Lisboa.
O almirante, que é apontado como um dos potenciais candidatos ao cargo atualmente ocupado por Marcelo Rebelo de Sousa, lançou ainda que devem votar “noutro milagreiro qualquer, porque não [é] esse milagreiro”.
“Se querem um salvador, por favor vão encontrar esse salvador. Se querem um indivíduo que vá andar convosco, colaborar convosco e tentar juntar as forças do grupo, eventualmente posso ser eu, porque ainda não decidi – supostamente”, disse, entre risos.
Saliente-se que, no período de perguntas, o presidente do International Club of Portugal questionou-o quando tenciona apresentar a sua candidatura presidencial, mas Gouveia e Melo não se moveu.
"Essa é uma pergunta com o rabo de fora, porque se eu respondesse sobre a data, imediatamente estaria a dizer que me iria candidatar", começou por declarar, provocando risos na plateia.
A seguir, falou de um jovem que, com 18 anos, "prometeu dar a vida pelo país e esteve com essa promessa dentro da cabeça durante 45 anos, mas que agora que saiu e que se libertou dessa promessa poderá fazer uma de duas coisas: ir para casa descansar e estar com o netinho ou fazer outra coisa na vida".
"De facto, tenho estado pouco com o meu netinho", afirmou.
Antes, o ex-chefe de Estado-Maior da Armada deixou um recado crítico, mas sem identificar o destinatário, para agentes que promovem a instabilidade.
"A instabilidade permanente é perigosa para nós. As opções vão passar por nós como um comboio de alta velocidade e se perdermos esse comboio podemos mais uma vez perder um comboio do nosso desenvolvimento para a nossa afirmação. Não é nenhuma afirmação nacionalista, mas uma afirmação de um povo que quer ter prosperidade, quer ter equidade, quer ter liberdade e quer ter segurança", disse.
E complementou: "O que nós precisamos é de lideranças capazes de perceber o mundo em que nós estamos envolvidos, em vez de olharem para o umbigo, para a nossa aldeiazinha. Precisamos de lideranças que olhem para o exterior e desenvolvam um dos pilares da democracia: a prosperidade. Sem prosperidade só podemos distribuir pobreza e não riqueza."
Gouveia e Melo pediu ainda aos empresários nacionais para que sejam "os comandantes e os capitães das novas caravelas portuguesas, porque só assim é a nossa sociedade pode ser mais inclusiva, pode diminuir as assimetrias e pode responder ao outro pilar da democracia, que é a equidade".
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