O desafio foi lançado durante a conferência "Transporte Ferroviário no Corredor Atlântico", que juntou representantes de entidades públicas, dirigentes de associações empresarias e agentes económicos dos dois países, o coordenador europeu do Corredor Atlântico, Carlo Secchi, e a secretária de Estado da Mobilidade, Cristina Pinto Dias.
O encontro culminou com a assinatura da Declaração Regional Conjunta para o Desenvolvimento do Transporte Ferroviário do Corredor Atlântico Europeu no Troço Ibérico, que "exorta" os Governos de Portugal e Espanha a "acelerar a implementação" desta ligação.
"O reforço desta conexão ferroviária é uma aspiração e um objetivo comum, para o transporte rápido e seguro de pessoas e mercadorias, com melhores ligações internas e com acesso à rede ferroviária ibérica, para garantir mais e maior mobilidade e o desenvolvimento dos nossos territórios", defendem os subscritores na declaração a que a agência Lusa teve acesso.
O documento inclui medidas concretas, com destaque para a conclusão da modernização da Linha da Beira Alta, "com ligação eficaz a Madrid", e a construção da linha de Alta Velocidade Aveiro-Viseu-Guarda-Salamanca.
A criação e requalificação de plataformas logísticas e terminais de mercadorias, bem como "a promoção da verdadeira intermodalidade entre ferrovia, rodovia e portos marítimos", são outras exigências.
Os autarcas justificam que este investimento é "uma oportunidade para tornar o transporte de mercadorias e passageiros mais eficiente, rápido e confiável; para reduzir custos para as empresas importadoras e exportadoras e para as que dependem do transporte de mercadorias".
Irá também contribuir para "desenvolver a economia regional, atraindo investimentos e estimulando o crescimento da costa atlântica e o interior da Península Ibérica".
Para os subscritores, "avançar com este projeto é preparar o futuro, é assegurar o crescimento económico, é promover o desenvolvimento sustentável dos nossos territórios (...), avançando mesmo através de vários obstáculos até que tenhamos demonstrado que se pode fazer o que à partida poderia parecer impossível".
Em declarações à agência Lusa, Sérgio Costa, presidente da Câmara da Guarda, classificou o Corredor Ferroviário Atlântico como a "coluna vertebral" para o desenvolvimento económico da região Centro.
"É uma porta aberta para a Europa, uma oportunidade para projetar o interior no mapa das grandes decisões logísticas", considerou.
O autarca independente realçou a oportunidade desta tomada de posição, que surge "numa altura em que estamos a ver a luz ao fundo do túnel na abertura da Linha da Beira Alta", pelo que "é importante que comecemos a perspetivar o futuro".
Sérgio Costa lembrou que 60% das exportações portuguesas são realizadas por empresas situadas entre Leiria e Viana do Castelo e são "canalizadas para a Europa, por via rodoviária ou ferroviária, por este Corredor Atlântico, que já ninguém coloca em causa, o que seria contranatura".
Na sua opinião, a assinatura desta Declaração Regional Conjunta é "um momento histórico", porque, "mais do que um documento, representa um enorme compromisso político, institucional e territorial entre autarquias, entidades regionais e representantes do poder local dos dois lados da fronteira".
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