"A Academia de Amadores de Música, neste momento, tem uma solução", afirmou Carlos Moedas (PSD), na reunião pública do executivo municipal, no âmbito da apreciação de uma moção do Livre, que foi também subscrita pelo PS.
A moção "por uma solução urgente que preserve a atividade da Academia de Amadores de Música em Lisboa" foi aprovada com os votos a favor de todos os vereadores da oposição, nomeadamente PS, Livre, Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre), PCP e BE.
A liderança PSD/CDS-PP, que governa sem maioria absoluta, votou contra a moção e justificou esse voto com a indicação de que já foi encontrada uma solução para a Academia de Amadores de Música (AAM).
"Já resolvemos o problema. Ao contrário do que está aqui nesta moção, passámos dois anos, e eu pessoalmente, para conseguir encontrar uma solução", disse Carlos Moedas, referindo que essa solução é num imóvel na Avenida de Berna, que é propriedade da Estamo (empresa pública responsável pela gestão e valorização de imóveis públicos).
O autarca do PSD adiantou que a câmara está "no ponto de poder adquirir aquele imóvel, exatamente para a AAM não pagar renda ou pagar o desconto máximo" que o município pode fazer "dentro das regras", ressalvando que essa decisão terá de ser apreciada pelo executivo municipal.
"Não fui só encontrar a solução, mas fui, exatamente, ao limite de tudo. Se o Estado quer cobrar mais renda à AAM e aquele imóvel é bom, a câmara pode fazer uma permuta com a Estamo, ficar com o imóvel e a AAM tem uma solução", declarou Carlos Moedas, recusando-se, por isso, de forma "enfática", a apoiar a moção do Livre e considerando que toda a câmara deveria estar "muito contente" por ter sido encontrada uma solução.
"Resolvemos o problema e agora temos uma moção como se não tivéssemos feito nada. Acho inaceitável", expressou.
A moção do Livre, apresentada pelo vereador Carlos Teixeira, em substituição do eleito Rui Tavares, insta o Governo e a Câmara de Lisboa a articularem-se no sentido de encontrarem "uma solução rápida para a continuação da atividade" da AAM, inclusive para assegurar o próximo ano letivo de 2025/2026.
A proposta aprovada pretende ainda que seja firmado, "de imediato", um memorando de entendimento entre as várias entidades envolvidas no processo para encontrar uma solução definitiva que permita manter a AAM numa localização central e acessível em Lisboa.
Com 141 anos de história, a AAM tem de abandonar as atuais instalações no Chiado "até ao final do mês de agosto deste ano", por incapacidade para pagar a nova renda, que passou de 542 euros para 3.728, pondo em causa o ensino de música de 320 alunos e o emprego de 40 professores.
Em março, a liderança PSD/CDS-PP na Câmara de Lisboa já tinha informado que a solução para que a AAM continue no centro da cidade passa pelo antigo centro de recrutamento militar na Avenida de Berna, junto à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, indicando que estava a negociar com a Estamo "o valor da renda" do imóvel, na ordem dos 7.000 euros por mês.
Atualmente, o executivo da Câmara de Lisboa, que é composto por 17 membros, integra sete eleitos da coligação "Novos Tempos" (PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança) - que são os únicos com pelouros atribuídos e que governam sem maioria absoluta -, três do PS, dois do PCP, três do Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre), um do Livre e um do BE.
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